A associação ambiental cabo-verdiana Biosfera defendeu hoje que parte das novas taxas cobradas às atividades turísticas de observação de tartarugas seja direcionada para quem trabalha para as preservar.
“Estamos de acordo com o decreto-lei, mas gostaríamos que parte dessas taxas fossem distribuídas para organizações que trabalham com tartarugas marinhas”, disse à Lusa, Zuleica Duarte, bióloga e membro da associação que lida com os projetos ligados à espécie.
Várias organizações têm dificuldade em sustentar as atividades para cumprirem todas as tarefas de conservação.
Os recursos não permitem chegar a tudo e, “com mais verbas, podíamos tentar abranger todas áreas”, acrescentou.
A Biosfera é uma delas: voltou este ano a mobilizar voluntários e vigilantes para as praias das ilhas de São Vicente e Santa Luzia (a única ilha desabitada do arquipélago), por forma a proteger a desova das tartarugas.
O total de voluntários registou um decréscimo, obrigando a um esforço acrescido, face às ameaças ambientais que afetam a espécie.
Cabo Verde publicou há uma semana, em Boletim Oficial, um regulamento da atividade de observação de tartarugas marinhas, seja no mar, a partir de plataformas e em terra, mas praias de nidificação, que introduz taxas.
Ao longo de 80 artigos, com direitos e deveres de operadores, visitantes e outras entidades, o objetivo é disciplinar a atividade, num equilíbrio entre a conservação e o bem-estar dos animais e a promoção de setores como o turismo.
Quem participar em atividades turísticas de observação de tartarugas deve pagar uma taxa de 1.000 escudos (nove euros) se for nacional ou 2.200 (20 euros) se for estrangeiro - valores que descem para 500 e 1.650 escudos (4,5 e 15 euros) respetivamente para menores de 16 anos.
A beneficiária das taxas é a Autoridade Ambiental.
A contribuição visa remunerar “os encargos financeiros suportados pelo Governo para assegurar a conservação das tartarugas marinhas enquanto espécie ameaçada de extinção e reverter a favor da fiscalização, limpeza e manutenção das praias”, além de outras atividades – visando também “a manutenção da atividade ecoturística de observação daqueles animais, no mar e em terra”, lê-se no regulamento.
Cabo Verde faz parte das rotas das tartarugas marinhas.
O arquipélago é o segundo local de concentração mais significativa do Atlântico Norte da tartaruga Caretta caretta, uma espécie emblemática e globalmente ameaçada.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments