A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu hoje a Cabo Verde para "dar voz" às pessoas que vivem nas comunidades, principalmente os jovens, para partilharem expectativas relacionadas com a problemática da habitação, que ainda afeta muitos cabo-verdianos.
"É necessário dar vez e voz aos diferentes atores sociais" no debate sobre políticas de habitação, sobre como "reabilitar o seu próprio 'habitat', partilhando as aspirações, expectativas e fazendo parte do processo de tomada de decisões", referiu a coordenadora residente do sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela de Souza.
Ao discursar, na Praia, na abertura de uma jornada de reflexão do mês "Outubro Urbano", organizado pela ONU-Habitat, a coordenadora manifestou a necessidade de envolver "a força jovem", nos debates, para "promover comunidades mais inclusivas e de inovação".
O evento reuniu hoje vários jovens e responsáveis de instituições para debaterem sobre a vida nas cidades.
"É importante aproveitar a energia, a criatividade e as perspetivas frescas dos jovens, um novo olhar sobre os temas atuais", apontou Patrícia Souza, sublinhando que Cabo Verde, país onde 34% da população tem entre 15 e 24 anos, deve apostar em jovens, pois eles podem transformar os espaços onde vivem.
A ministra das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, Eunice Silva, encarou o contexto do país como uma "oportunidade para contar com ideias e propostas inovadoras, para ajudar a promover a transformação das cidades, tornando-as em centros de prosperidade e inclusão".
Jailson Pereira, um dos jovens presentes, defendeu que o "Governo deve apoiar" quem não tem condições de construir uma habitação digna.
Segundo referiu, seria uma forma de evitar construções ilegais.
Além do debate de hoje, durante todo o mês de outubro serão realizadas ações em escolas e comunidades, tanto com associações como através da comunicação social e redes sociais.
Segundo as estimativas feitas a partir de inquéritos do Instituto Nacional de Estatística (INE), quase 23.000 famílias de Cabo Verde (uma em cada sete) vive em habitações sem casa de banho e 85.500 (mais de metade) não dispõe de chuveiro.
A maioria do parque habitacional (cerca de 80%) do arquipélago nasceu de "autoconstrução", ou seja, feito diretamente pelos moradores, "com uma variação significativa na qualidade dos materiais utilizados, bem como nas técnicas construtivas adotadas", refere-se no plano.
A Semana com Lusa
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