O Instituto Internacional da Língua Portuguesa, na Cidade da Praia, acolhe a exposição bibliográfica de Antónia Pusich, que retrata a história da primeira mulher de letras cabo-verdiana, segundo a investigadora Maria de Lurdes Caldas.
Trata-se de uma iniciativa de Maria de Lurdes Caldas, em colaboração com a Livraria Pedro Cardoso, Instituto Camões e o apoio do Instituto Internacional da Língua Portuguesa e visa narrar a vida, obra de Antónia Pusich.
Segundo explicou, Antónia Pusich nasceu em São Nicolau e viveu lá até aos 4 ou 5 anos e depois do pai terminar a sua comissão de serviço, regressa à corte que na altura estava sediada no Rio de Janeiro por causa das invasões napoleónicas.
Adiantou que em 1818, regressa a Cabo Verde, ilha de Santiago, altura em que seu pai foi nomeado governador-geral de Cabo Verde, e depois conhece o seu primeiro marido e em pouco tempo fica viúva.
“Regressa ao reino, volta mais uma vez, mas depois fixa-se definitivamente no reino e com 25 anos começa a escrever poesia, que na altura não publicava, porque as mulheres raramente publicavam, mas a partir dos anos 40 assume as suas publicações, começa a assinar, publicar não só na imprensa periódica, como também em volumes independentes”, referiu.
Segundo Mari de Lurdes Caldas, Antónia Pusich escrevia todos os géneros literários nomeadamente romances, teatro, biografia, epistolografia, poesia.
Em 1849, fundou pela primeira vez um jornal, ou seja, foi a primeira vez que uma mulher em Portugal, logo também em Cabo Verde, fundou um jornal que passou a dirigir e do qual passou a ser a sua redatora principal.
Ela foi a primeira a ousar, a colocar o seu nome no cabeçalho do seu jornal, como fez, aliás, nos outros dois que depois também fundou”, avançou.
Maria de Lurdes Caldas explicou que o seu primeiro romance foi escrito em 1844 e publicado em 1848, e desde o século XIX nunca mais a obra foi reeditada, mas graças a parceria com a livraria Pedro Cardoso, vai ser lançado no próximo dia 07 de Junho o primeiro romance de autoria cabo-verdiana.
"É uma exposição que se pretende que seja permanente, que fique na ilha de São Nicolau, e é possível que até lá percorra algumas ilhas, porque Antónia Pusich não é uma pessoa muito conhecida ainda aqui em Cabo Verde", apontou.
"Agora, pela primeira vez, vamos ter o seu primeiro romance publicado e espero que esta comemoração seja o pretexto para trabalhos académicos sobre a Antónia, porque ela tem muitas obras e a própria vida presta-se à abordagem de várias perspetivas”, concluiu.
A cerimónia de inauguração aconteceu na tarde desta terça-feira, e foi presidida pelo primeiro-ministro, José Ulisses Correia e Silva.
A Semana com Inforpress
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