Alguns imigrantes africanos que escolheram o município de Santa Catarina, interior de Santiago, para residir há mais de dez anos dizem-se satisfeitos com o acolhimento e tratamento, e que basta lutar para melhorar a vida.
Por ocasião do Dia Mundial da África, assinalado a 25 de Maio, a Inforpress ouviu alguns dos imigrantes que escolheram o município para viver, e as queixas destes entrevistados não são tantas, sendo conscientes de que, independentemente de onde cada pessoa vive, é preciso ter coragem e força para lutar e vencer as dificuldades que hoje são patentes em todos os lugares.
Amadou Ndour é um jovem guineense, 39 anos, e há dez escolheu Cabo Verde para viver, tendo residido na cidade da Praia, Calheta de São Miguel e por último em Assomada, onde hoje se encontra numa situação que considera “estável”.
Hoje, tem como profissão comerciante e vende produtos de artesanato, como bijuterias e copos, entre outros, além de ser mecânico.
Entretanto, Amadou Ndour ressaltou que a sua vida aqui nem sempre foi “às mil maravilhas”, mas encarou as dificuldades “com maestria” para hoje vencer na vida.
Conforme contou, no início quando chegou trabalhava na construção civil, tendo sofrido “abuso dos patrões” que “nem pagavam o salário justo” e na hora certa e, por isso, passou “sede e fome sem nenhum apoio dos seus conterrâneos”, tendo aproveitado para agradecer o apoio que sempre teve dos cabo-verdianos.
Sobre a documentação disse ainda não ter o cartão de residência, mas que não é por burocracias, mas sim porque a documentação de identificação guineense se encontra fora de prazo, estando a aguardar oportunidade para regressar ao seu país de origem, renovar a sua documentação e voltar para Cabo Verde para pedir o documento.
Amadou Ndour aproveitou para deixar uma mensagem de “força e coragem” aos seus conterrâneos aqui no país e em outros locais, relembrando-lhes que a vida está difícil em qualquer lugar, daí tudo depender, sintetizou, da forma como cada um encara a situação.
Reforçou que o mais importante é encontrar um trabalho “digno e legal” para ganhar o sustento e garantir uma melhoria das condições de vida.
Outra imigrante africana residente em Assomada há mais de 11 anos e que elogiou a forma que foi recebida e é cuidada pelos cabo-verdianos é a Litícia Gomes, do Senegal, uma vendedeira ambulante e que garantiu que esta profissão tem sustentado a sua família.
Esta senegalense contou que veio aqui parar para juntar ao marido que lhe garantiu que poderiam “viver bem” em Cabo Verde, pelo que decidiu aventurar-se e hoje já lá vão 11 anos nessa luta e não tem queixas para apresentar, até porque a sua família já tem residência legalizada.
Questionada sobre as dificuldades que tem enfrentado, com sorriso respondeu que as dificuldades são idênticas em qualquer parte do mundo, mas que cabe a ela e a todos os outros levantarem-se e lutar, porque caso contrário é “viver de esmolas e apoios, o que não ajuda ninguém a vencer na vida”.
Sobre alguma situação triste, evidenciou que da emigração o que mais lhe dói é a separação da sua família biológica no seu país de origem, pois tem três filhos e muitas vezes, sozinha com o marido, não tem sido fácil, mas diz não baixar a guarda e continuar na luta.
“Se esta separação aconteceu foi para procurar uma vida melhor e para isso é preciso lutar”, completou.
Mariano Pereira, é do Congo, e dos 60 anos que tem hoje, já tem 27 vividos em Assomada, uma cidade que diz ter escolhido desde o início por vontade própria e mesmo que no início enfrentou algumas dificuldades de adaptação, entre outras situações, disse que hoje não tem motivos para queixas, porque não lhe tem faltado um dia de trabalho.
“O mais caricato aqui no país é o nível de vida que é caro, mas temos que adaptar porque a situação não está fácil em nenhum lado”, disse, sublinhando que o que mais lhe tem preocupado é a questão do vandalismo, principalmente na camada jovem, defendendo que “é preciso pôr cobro a essas situações”.
Este não tem documentos, porque assim como a guineense Tosciana Gomes, de 34 anos e 11 dos quais vividos aqui, os seus documentos de identificação dos países de origem se encontram fora de prazo, sendo necessário renovar estes primeiros para depois solicitar o cartão de residência.
Esta esta guineense considera estar a “viver bem” com os seus três filhos, elogiando o tratamento que sempre recebeu dos santa-catarinenses e de outros cabo-verdianos, pedindo a outros emigrantes que se esforcem para se adaptar e conseguir um “trabalho digno” que garanta o sustento.
A Semana com Inforpress
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