O Ministério da Segurança do Estado chinês acusou hoje organizações não-governamentais estrangeiras de "roubarem dados" relacionados com o trabalho ambiental do país, o que "coloca em risco a segurança nacional".
O ministério publicou um artigo na rede social Wechat no qual referiu dois casos de "roubo de dados geográficos, meteorológicos e biológicos e de dados sobre as reservas naturais da China".
Segundo o organismo, um dos casos envolve um professor de um país não identificado que "recolheu ilegalmente" dados de uma reserva nacional de zonas húmidas e de uma área florestal.
De acordo com o ministério, o professor confessou ter recolhido e roubado dados "a coberto da cooperação académica".
O académico será punido, segundo o ministério, que não especificou o tipo de punição a que será sujeito.
O segundo caso envolve uma "universidade estrangeira" que alegadamente cooperou com uma reserva natural no sudoeste da China com o apoio de uma ONG estrangeira.
Os estrangeiros "instruíram e forçaram" o pessoal local a "roubar ilegalmente dados confidenciais da reserva natural" depois de lhes oferecerem vários incentivos, "incluindo sexo".
A ONG, que tinha "antecedentes complexos", alegadamente "ajudou um certo país ocidental" a "roubar dados básicos e sensíveis", segundo o ministério.
Os dados foram obtidos através da "instalação de estações meteorológicas, equipamento de câmaras de infravermelhos e roubo de dados informáticos confidenciais".
O artigo alertou ainda para "o risco de fugas de dados ambientais por parte de empresas e agências governamentais chinesas" e instou os cidadãos a "estarem atentos à espionagem ambiental e a denunciarem possíveis casos às autoridades".
Em 2017, Pequim aprovou uma lei controversa para gerir o trabalho das ONG estrangeiras no país que, segundo os afetados, apenas serviu para dificultar o seu trabalho, apertar o controlo sobre as suas atividades e "encurralar" a sociedade civil.
O país também reviu a sua lei Contra Espionagem no ano passado para incluir a "colaboração com organizações de espionagem e seus agentes" na categoria de espionagem.
Para além das investigações lançadas nos últimos meses sobre empresas de consultoria e empresas estrangeiras na China, que suscitaram preocupações entre a indústria e potenciais investidores estrangeiros, o ministério reviu igualmente outra legislação para salvaguardar os segredos de Estado.
O organismo também aumentou a sua atividade nas redes sociais para alertar para a ameaça representada pelos "espiões estrangeiros" e para pedir ao público que partilhe informações sobre "atividades suspeitas".
O Ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, afirmou no mês passado que as ameaças envolvem os domínios político, económico e militar, mas também outras áreas "não tradicionais" como a biossegurança, o ambiente e a inteligência artificial.
A Semana com Lusa
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