A cantora e “artivista” brasileira Bia Ferreira, que se encontra em Cabo Verde para dois concertos esta semana na Praia (07) e no Mindelo (08), disse hoje que encontrou na arte uma forma de se expressar publicamente.
Cantora, compositora e “artivista”, Bia Ferreira iniciou sua carreira em 2009, e faz uso das suas canções para tratar temas como feminismo, antirracismo e LGBT fobia.
Em entrevista à Inforpress, Bia Ferreira, que se considera uma “artivista”, informou que faz uso da música para “tocar corações e levar informação”, da perspectiva de uma mulher negra no Brasil.
“Eu faço arte porque acho que de alguma forma eu consigo tocar o coração das pessoas em um lugar que eu mesma não conseguiria se não fosse a arte (…), tento trazer um pouco do afecto que eu tenho acesso, mas também das informações que eu tenho e compartilho-as através da arte. Eu costumo dizer que eu sou “artivista” (…)” explicou.
A cantora explicou ainda que define a sua arte como Música de Mulher Preta (MMP) para destacar o contexto social brasileiro, onde as mulheres negras são a minoria nos espaços que considera ser de poder e não tem voz.
Bia Ferreira adiantou ainda que MMP é um contraponto ou MPB (Música Popular Brasileira), em que a mesma afirma sentir falta de vozes de mulheres parecidas com a sua.
“Então, quando eu decidi falar que eu faço Música de Mulher Preta é para fazer um contraponto a MPB, que é a música popular brasileira, mas que eu não ouvia muitas mulheres parecidas comigo”, frisou.
Em relação às escolhas dos ritmos que acompanham as suas letras, a cantora afirmou que não tem um ritmo fixo para a suas letras, e que na maioria das vezes as composições e que só depois ganham melodias.
Aliás, revelou que a sua música atravessa vários géneros, como reggae, rap, blues, soul, samba, trap, influenciada pela música negra mundial.
“Às vezes eu estou num momento de escrever, e eu escrevo sem ritmo, só escrevi uma poesia, dois anos depois eu vou voltar naquela poesia e vou falar ‘nossa, eu acho que isso aqui é um reggae”, salientou.
Por causa das suas canções que transmitem mensagens fortes, nomeadamente “Cota não é esmola”, que deu visibilidade à sua mensagem sobre racismo e desigualdade, a cantora disse que já passou por censura, perseguição e racismo, tanto no seu país, como no exterior.
Informou ainda que foi multada por racismo reverso, mas salientou que esse obstáculo não a impediu de continuar firme no seu compromisso de “não calar”.
As suas principais referências, conforme explicou Bia Ferreira, são mulheres negras como Conceição Evaristo, Elza Soares, entre outras que influenciam o seu pensamento e suas letras.
A cantora conta com três discos lançados, a Igreja Lesbiteriana em 2019, um show live (ao vivo) em 2018, um álbum duplo que aborda diferentes temáticas e Faminta em 2022.
A Semana com Inforpress
Terms & Conditions
Report
My comments