Um filhote de Gongon [Pterodroma feae], ave marinha endémica de Cabo Verde, foi recuperado após sofrer uma queda provocada pela poluição luminosa, anunciou o biólogo e directror executivo da Associação Projecto Vitó, Herculano Dinis.
Na sua página nas redes sociais, Dinis informou que a recuperação aconteceu depois de uma criança do bairro de Beltches, São Filipe, já sensibilizada para a importância da preservação ambiental, ter encontrado o filhote e contactado a associação.
O animal foi resgatado com vida e está em processo de recuperação antes de ser devolvido ao seu habitat natural, referiu o biólogo, que sublinhou que o período de reprodução é longo e decorre entre Novembro e Junho.
“O período entre final de Maio e início de Junho é particularmente crítico para a espécie, pois marca o momento em que os filhotes deixam os ninhos para realizar o seu primeiro voo em direção ao mar. Se não conseguirem alcançar o oceano, as hipóteses de sobrevivência são nulas”, escreve o biólogo numa mensagem publicada domingo, 25, na sua página pessoal.
“Nos últimos três dias, este foi o terceiro filhote de Gongon resgatado, dois em Chã das Caldeiras e um em São Filipe. Infelizmente, um dos filhotes encontrados em Chã não resistiu”, lamentou o biólogo, para quem as quedas em Chã das Caldeiras coincidiram com a realização de um concerto nocturno promovido por uma agência internacional, sem qualquer coordenação prévia com a equipa do Parque Natural do Fogo.
“A demonstração de sensibilidade e responsabilidade ambiental em Chã das Caldeiras foi infinitamente menor do que a demonstrada pelas crianças de Beltches, que mostraram um exemplo claro de consciência ambiental”, afirmou Herculano Dinis.
A associação lamenta ainda a postura de certas empresas e instituições, que, mesmo com elevada responsabilidade social e ambiental, emitiram declarações nas redes sociais que pouco contribuem para a proteção da biodiversidade.
“Em outras partes do mundo, há protocolos para apagar luzes durante períodos críticos para proteger espécies ameaçadas. Cabo Verde ainda está longe desse nível de compromisso, mas sinais como este mostram que investir na educação da nova geração é o caminho”, destacou Herculano Dinis.
A ilha do Fogo, classificada como Reserva Mundial da Biosfera, é detentora de uma das áreas protegidas mais importantes do país, continua a enfrentar desafios sérios na preservação das suas espécies únicas.
O Gongon, símbolo da biodiversidade cabo-verdiana, depende cada vez mais do envolvimento consciente de toda a sociedade para sobreviver.
A Semana com Inforpress
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