A segunda edição do livro “Ritual de Apanha de Espírito em Santiago de Cabo Verde”, do antropólogo Arlindo Mendes, vai ser apresentado esta sexta-feira, na Praia.
Em declarações hoje à Inforpress, Arlindo Mendes explicou que a obra de natureza antropológica, que aborda as práticas do ritual da morte na ilha de Santiago, retrata uma crença profundamente enraizada na cultura cabo-verdiana, especialmente nas zonas rurais.
Segundo essa crença, continuou o autor, quando uma pessoa morre de forma violenta, seja por acidente, assassinato ou tragédia natural, o seu espírito permanece no local da morte, perturbando os vivos e clamando por socorro.
Arlindo Mendes revelou que o estudo reúne 45 testemunhos de pessoas que afirmam ter participado nesses rituais, recorrendo a relatos na primeira pessoa para dar autenticidade à investigação.
De acordo com a tradição, para libertar o espírito e encaminhá-lo ao seu destino final, é necessária a intervenção da madrinha da vítima, acompanhada por outras pessoas, num ritual que envolve orações, um lençol branco, uma vela e um prato de água.
Mais do que uma análise sobre a veracidade da crença, a obra, segundo o autor, tem como objectivo documentar e preservar este costume, alertando para o risco de desaparecimento das tradições culturais de Cabo Verde.
Arlindo Mendes disse que adoptou uma abordagem antropológica, deixando de lado a questão da crença pessoal e focando-se no impacto desta prática na vida das pessoas, na sua relação com o medo e na preservação da memória.
Ao explorar esta tradição, o livro pretende lançar luz sobre um aspecto pouco documentado do imaginário popular cabo-verdiano, contribuindo para o resgate e valorização da memória colectiva.
A Semana com Inforpress
Terms & Conditions
Report
My comments