O cardeal Arlindo Furtado diz acreditar “piamente” que as palavras do Papa João Paulo II, hoje santo da Igreja Católica, caíram “profundamente” nos corações dos políticos, sobretudo Aristides Pereira, o que “ajudou para a abertura política em 1991”.
João Paulo II foi o primeiro e até ao momento o único Papa que visitou Cabo Verde, em 1990.
Segundo o bispo de Santiago, as intervenções de João Paulo II, durante a sua primeira e única visita pastoral a Cabo Verde, não criou todas as condições para abertura política no País, mas ajudou para a concretização deste desejo dos cabo-verdianos, porque, frisou, o Santo Padre encontrou um “terreno disponível” e o eco do seu apelo foi sendo trabalhado com vista à possibilidade de uma abertura política no País. “Que nos convinha e nos convém”, acrescentou.
“Hoje, todos, estamos de acordo que foi uma boa opção dos nossos políticos de então e daqueles que tentaram também colaborar para a renovação política”, indicou o chefe da Igreja Católica na região de Sotavento.
D. Arlindo Furtado fez estas declarações ao ser abordado pela imprensa esta segunda-feira, a pronunciar-se sobre o eco que teve a visita papal em Cabo Verde, em 1990, à margem de uma conferência realizada na Cidade da Praia, para assinalar o 35º aniversário da vinda do Papa João Paula II a Cabo Verde.
Instado se ainda acredita que o Papa Francisco poderá visitar o arquipélago, o prelado respondeu que houve uma altura em que acreditou “piamente” que ele pudesse vir a Cabo Verde, “houve também uma altura em que desacreditei e, agora, tenho alguma luz e esperança da possibilidade de ele vir, apesar da sua limitação física”.
“Estive ultimamente com ele [Papa Francisco] e não descarto a possibilidade [de ele vir a Cabo Verde], se Deus quiser” afirmou o cardeal Dom Arlindo Furtado.
Por sua vez, a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, considerou que as palavras “éticas e políticas” de João Paulo II “fizeram renascer a esperança do povo cabo-verdiano”, sobretudo no que “têm que ver com a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a solidariedade”, que, considerou, é o que se está a precisar neste momento.
Filomena Gonçalves, que, além da pasta da saúde, também faz a ponte entre as instituições religiosas e o Governo, discorreu sobre o tema “Dimensão ética e política nos escritos de São João Paulo II, enquanto o padre Moisés Semedo, administrador da Escola Universitária Católica de Cabo Verde, abordou a “Teologia do Cuidado: o valor inalienável da vida humana desde a concepção até ao seu fim”.
Em 1990, o Papa João Paulo II visitou Cabo Verde, tendo estado nas ilhas do Sal, S. Vicente e Santiago. Nesta última, rezou uma missa campal na zona de Quebra Canela, que contou com a participação de largos milhares de fiéis católicos.
Na sua página na rede social facebook, o Presidente da República, José Maria Neves, disse lembrar “com emoção da histórica e marcante visita”.
“João Paulo II trouxe-nos uma mensagem inspiradora, que impulsionou mudanças políticas, económicas, sociais e culturais profundas. Foi o mensageiro da paz, da liberdade, da democracia e da dignidade da pessoa humana. Deixou-nos uma Igreja espiritualmente mais vibrante e em crescimento - temos, hoje, duas Dioceses, três bispos cabo-verdianos e um cardeal”, lê-se na comunicação do Chefe de Estado cabo-verdiano.
A Semana com Inforpress
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