O Presidente da República, José Maria Neves, defendeu hoje a criação de um Estatuto Administrativo Especial para a Cidade Velha, visando preservar o património mundial e compensar os moradores pelas restrições impostas pela classificação de Património da Humanidade.
O Chefe de Estado falava à imprensa, depois de presidir à abertura das Jornadas Científico-Culturais “O Património da Cidade Velha e a Identidade Nacional”, promovida pela Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago e a Universidade de Cabo Verde, no âmbito das comemorações do Dia do Município e do 50 aniversário da Independência do país.
Enquanto Champion da União Africana para a Preservação do Património Natural e Cultural de África, destacou que preservar e promover o património cultural exige uma abordagem diferenciada e uma visão estratégica que permita conciliar a conservação com o desenvolvimento local.
“O facto de sermos um património da humanidade e termos um valor excepcional para a humanidade permite-nos acelerar o ritmo de crescimento, criar mais empregos, mais rendimentos para as famílias para podermos compensar as restrições que são colocadas”, precisou.
Com este Estatuto Especial, segundo disse, é possível garantir mais recursos e autonomia para que o município possa cumprir melhor o seu papel, promovendo crescimento económico e social.
José Maria Neves reconheceu que a classificação da Cidade Velha como Património Mundial da Humanidade representa um benefício identitário para Cabo Verde, mas implica também desafios para os residentes, que enfrentam limitações decorrentes da preservação do sítio histórico".
Apontou que o Estatuto permitirá criar mais empregos, gerar mais rendimentos para as famílias e minimizar as restrições impostas pela patrimonialidade.
Na mesma linha destacou a importância da preservação e promoção do património cultural cabo-verdiano, sublinhando que a identidade nacional deve ser nutrida e reconhecida pelo seu Valor Universal Excepcional no cenário global.
Para o Chefe de Estado, a protecção do património não se limita apenas à conservação de monumentos e sítios históricos, mas envolve também a valorização da língua crioula, da história e dos conhecimentos transmitidos entre gerações.
José Maria Neves apelou à participação activa da juventude na preservação e reinvenção das tradições culturais, garantindo a sua adaptação às realidades contemporâneas.
"O património cultural é a expressão da nossa identidade, que nos liga aos nossos antepassados, às nossas tradições e à nossa terra”, afirmou.
Por outro lado, destacou também a importância da língua cabo-verdiana como elemento essencial da identidade nacional e factor de união da diáspora, defendendo a sua oficialização plena no quadro das comemorações dos 50 anos da independência celebrado este ano.
Segundo o chefe de Estado, Cabo Verde é um Estado transnacional, uma nação diasporizada, e a língua crioula desempenha um “papel fundamental” na ligação entre os cabo-verdianos, fortalecendo a sua identidade e criatividade.
“A partir da língua materna podemos aprender as outras línguas que nos fazem a ponte para o mundo, para dialogarmos com outras nações, povos, culturas, e podermos, assim, trabalhar com os outros para a paz, a cooperação e o desenvolvimento”, realçou.
O Presidente sublinhou ainda que a oficialização da língua cabo-verdiana não só reforçará a identidade nacional, mas também permitirá que o país afirme a sua cultura e história no cenário global.
A Semana com Inforpress
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