Quase meia centena de agentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, em conjunto com a Alta Autoridade para a Imigração, iniciam hoje o primeiro inquérito à população estrangeira, que pretende apoiar a definição de políticas orientadas.
De acordo com fonte do INE, a operação foi antecedida, na Praia e no Mindelo, ilha de São Vicente, pela formação dos 43 agentes que vão estar no terreno a recolher dados entre hoje e 31 de agosto, em todo o território nacional.
Oficialmente, segundo dados de 2021 do INE, Cabo Verde tinha quase 11.000 cidadãos estrangeiros a viver no arquipélago.
"Apelamos a todos os estrangeiros e imigrantes que vivem em Cabo Verde a participarem neste inquérito", refere uma informação do INE, que sublinha a importância deste levantamento para "o delineamento das políticas de imigração" em Cabo Verde.
"É importante realçar que este inquérito permite traçar um diagnóstico completo e atualizado dos estrangeiros e imigrantes instalados nos vários concelhos do país", acrescenta o INE, sobre o I Inquérito à população estrangeira e imigrante em Cabo Verde.
O levantamento, a realizar por amostragem, pretende "reforçar as estatísticas oficiais relativamente à imigração em Cabo Verde", além de permitir "aprofundar os conhecimentos sobre as características, o processo de integração, a forma de entrada, o perfil sócio-laboral, o sentimento de integração, o sentimento de discriminação".
Os imigrantes da Guiné-Bissau representam um terço de toda a população estrangeira residente em Cabo Verde, segundo dados definitivos do quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021), anunciados em abril passado pelo INE.
Em termos globais, os resultados definitivos do recenseamento apontam que Cabo Verde tinha em 2021 um total de 10.875 cidadãos de nacionalidade estrangeira, equivalente a 2,2% do total de 491.233 residentes no país contabilizados pelo RGPH-2021.
A população estrangeira é constituída sobretudo por homens (68,3%) e globalmente a Guiné-Bissau lidera entra as nacionalidades (33,7%), seguida do Senegal (11,3%), de Portugal (10%) e da China (7,1%).
Entre a população total residente, o recenseamento concluiu que 94,7% tinham apenas nacionalidade cabo-verdiana, 3% dupla nacionalidade e 2,2% só nacionalidade estrangeira, enquanto 0,05% eram apátridas, neste caso equivalente a 245 pessoas.
Os dados do RGPH-2021 concluem desta forma que havia cerca de 3.665 cidadãos da Guiné-Bissau a residir em Cabo Verde, número que não inclui os entretanto naturalizados ou com dupla nacionalidade.
Contudo, dados avançados anteriormente à Lusa por fonte da embaixada guineense na Praia, apontam que a comunidade imigrante da Guiné-Bissau no arquipélago ascende a cerca de 10 mil pessoas, a grande maioria sem documentos e por legalizar.
O RGPH-2021 de Cabo Verde, a maior operação estatística do arquipélago, ao envolver cerca de 2.000 profissionais, decorreu no terreno, com a recolha de dados totalmente em formato digital, de 16 de junho a 07 de julho de 2021.
Cabo Verde já realizou quatro recenseamentos após a independência, em 1980, 1990, 2000 e 2010. No anterior realizado, em 2010, a população residente no arquipélago então contabilizada foi de 491.875 pessoas, 117.289 agregados familiares, além de 114.297 edifícios e 141.761 alojamentos.
Este quinto Recenseamento Geral da População e Habitação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiado para o ano seguinte, face à pandemia de covid-19.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments