segunda-feira, 11 agosto 2025

A ATUALIDADE

Desemprego e sistema patriarcal na base da violência contra a mulher em Timor-Leste

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

O desemprego, a cultura de sistema patriarcal, a pobreza e até infidelidade foram apontados por várias organizações não-governamentais e pela igreja católica como causas para a elevada violência contra mulheres e raparigas em Timor-Leste.

Dados de 2022 da Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, da ONU, indicam que em Timor-Leste mais de metade das mulheres entre os 15 e os 49 anos sofreram violência física ou sexual de um parceiro do sexo masculino.

Maria Domingas Fernandes Alves, antiga ministra da Solidariedade Social e membro do Fórum de Comunicação das Mulheres de Timor-Leste (Fokupers), considerou que a violência baseada no género continua a aumentar porque o “país é pobre” e também “devido ao desemprego”, em declarações à Lusa no âmbito do Dia da Mulher, que hoje se assinala.

Mas, salientou, também porque o sistema patriarcal continua a prevalecer em Timor-Leste, bem como a cultura de violência.

“Muitas mães ainda batem nos filhos, porque no passado, quando as crianças eram castigadas, ouviam os pais. Mas hoje já não é assim. Eu nunca bati nos meus filhos. Em vez disso, sempre os castiguei de outra forma e ensinei o que era certo e errado. Cada pessoa tem a sua maneira de educar, mas eu sempre lutei pela igualdade de género”, explicou.

O Fokupers registou 231 casos de violência baseada no género em 2023. Entre os diferentes tipos de violência registados incluem-se a violência física cometida pelo próprio marido, a violência sexual, o incesto, a tentativa de agressão e o abandono.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2023, a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) recebeu 320 queixas de “maus-tratos a cônjuge”, num país com 1,3 milhões de habitantes e onde mais de metade da população tem menos de 35 anos.

Para o padre Paulus Maia, da Arquidiocese de Díli, a questão passa pelo facto de muitas pessoas hoje constituírem família sem perceberem o verdadeiro sentido da “vida em casal”.

“Não conhecem o verdadeiro sentido da vida em casal, que é o amor, o respeito, o sacrifício mútuo e a unidade. Podemos dizer que muitos casais acabam juntos por acidente e, mais tarde, quando perdem o controlo da relação, a mulher sofre as consequências”, disse o padre.

Outro fator apontado pelo pároco é a questão económica, como o desemprego, que faz surgir os conflitos, porque as “necessidades básicas da família não estão satisfeitas”.

Mas, segundo o padre Paulus Maia, a “infidelidade” também leva a conflitos e atos de violência.

Já a presidente do Grupo das Mulheres Parlamentares de Timor-Leste (GMPTL), a deputada Aliança da Conceição Araújo, entende que a violência contra as mulheres surge por falta de “unidade familiar”.

Por outro lado, afirmou a deputada do Conselho Nacional da Reconstrução de Timor (CNRT), o sistema patriarcal continua a ser seguido e muito homens “mantêm-se firmes na ideia de que são superiores e isso leva à violência contra as mulheres”.

Segundo Aliança Araújo, para acabar com o sistema patriarcal, é necessário que toda a sociedade contribua, incluindo os homens, que “devem ajudar as mulheres e dar-lhes oportunidades para que possam participar plenamente na sociedade”.

A presidente do GMPTL explicou ainda que o Parlamento Nacional está a reforçar os seus esforços, realizando fiscalizações e deslocando-se ao terreno para aconselhar os homens a evitarem comportamentos violentos.

A Semana com Lusa 

2500 Characters left


Colunistas

Opiniões e Feedback

Semedo
4 days 18 hours

O Carlos Fias, que tem dado a cara ás balas, é que vsi ser o nosso futuro Presidente da Camara da Praia?

Rosana
5 days 21 hours

Freud já explicava: quando o ego é frágil e o pénis é pequeno, vêm os impulsos de destruição. Trump manda submarinos ...

jorge lopes
6 days 2 hours

Este tal de Jorge Lopes, sem margem de erro, está entre os mamadores do partido no poder, defendendo, a todo o custo, o seu ...

Pub-reportagem

publireport

Rua Vila do Maio, Palmarejo Praia
Email: asemana.cv@gmail.com
asemanacv.comercial@gmail.com
Telefones: +238 3533944 / 9727634/ 993 28 23
Contacte - nos