O presidente do Partido Popular (PP), Amândio Vicente, reprovou esta terça-feira as declarações do partido Chega, em Portugal, e diz que o seu líder André Ventura está ainda “atrelado à escravidão” da raça negra.
Amândio Vicente fez essas declarações no âmbito do encontro quinzenal do partido, desta vez para abordar dois assuntos, nomeadamente a morte de Odair Moniz, em Portugal, e a candidatura do partido às eleições autárquicas de 2024.
“Quando o líder André Ventura diz que o policial assassínio devia ser condecorado pelo Estado português, nós entendemos que ele ainda está atrelado à escravidão da raça negra, à superioridade racial, o branco superior ao negro. Devemos lembrá-lo que estamos em 2024, no século XXI e que a modernidade não aceita essa forma de ver a raça negra”, criticou, reprovando ao mesmo tempo a “forma branda, suave” como as autoridades, o Estado de Cabo Verde, conforme enfatizou, reagiu a essas declarações.
“Devia haver um protesto das autoridades cabo-verdianas contra o Partido Chega e contra o seu líder que incentiva à violência. Dizer, provavelmente, que se os policiais disparassem mais, a sociedade portuguesa estaria melhor. Isso é um incentivo à violência. Veja, entre 230 deputados portugueses, o Chega ocupa 50 lugares na Assembleia da República, portanto, é um partido com uma certa representação dentro do Estado português. Esse discurso é reprovável”, sentenciou Amândio Vicente.
No seu entendimento, o líder do Partido Chega deveria fazer um pedido de desculpas.
E quanto à candidatura do PP às eleições autárquicas, conforme anunciado, Amândio Vicente renovou que o partido vai candidatar-se à Assembleia Municipal na Praia, onde a candidatura já foi aceite pelo tribunal, aguardando, entretanto, processo pendente nos tribunais de São Domingos e Boa Vista, enquanto a ilha do Maio é carta fora do baralho já que, conforme revelou, o PP não conseguiu cumprir os requisitos legais.
“Nestas autárquicas, o Partido Popular vai dar sequência ao seu programa, que é a luta contra a corrupção, o bom Governo da coisa pública, a transparência”, enunciou, estranhando o facto, conforme disse, do Movimento para a Democracia (MpD) ter entrado com um pedido de impugnação da candidatura do PP na Boa Vista.
“A ser verdade, é o MpD a fazer jus ao seu histórico, à sua acção de que é um partido antidemocrático, um partido que quer ter a maioria absoluta em todas as organizações para implementar esse Estado cleptocrático em Cabo Verde”, examinou.
Conhece-se como cleptocracia o sistema de governação que, em vez de buscar o bem comum, concentra-se no enriquecimento de seus próprios líderes, para os quais tira proveito dos recursos públicos.
A cleptocracia, portanto, implica a institucionalização da corrupção e do roubo em benefício dos governantes.
“A impugnação da candidatura do PP na Boa Vista não vai surtir efeito. Não temos dinheiro para comprar o voto. Quem tem dinheiro para comprar voto é o PAICV e o MpD. Já apresentamos a nossa candidatura. O povo é livre. Se quiser escolher, escolhe”.
“Se não quiser, continue com o MpD e o PAICV. Sinónimo de mais miséria, mais desigualdade social, mais pobreza. Se o povo quiser assim… nós não temos nada a fazer”, acautelou o líder do Partido Popular.
A Semana com Inforpress
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