sexta-feira, 22 novembro 2024

A ATUALIDADE

Moçambique/Eleições: Milhares no funeral de advogado de Venâncio Mondlane

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A igreja de Nossa Senhora do Rosário, arredores de Maputo, foi pequena para receber esta manhã milhares de pessoas, incluindo centenas de advogados, o funeral de Elvino Dias, assessor jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

O cortejo fúnebre, que partiu do centro de Maputo cerca das 09:20 locais (menos uma hora em Lisboa), levou uma hora a chegar àquela paróquia, escoltado pela polícia e ladeado por um grupo de motociclistas, percurso feito sem qualquer incidente.

À chegada, centenas de advogados moçambicanos receberam os restos mortais de Elvino Dias, um dos dois apoiantes de Venâncio Mondlane assassinados na sexta-feira em Maputo, incluindo o próprio bastonário da Ordem, Carlos Martins.

Num ambiente de profunda consternação, o interior da igreja tornou-se pequeno, levando centenas a improvisarem cadeiras no exterior do templo.

Ao intervir na homília, o arcebispo da diocese de Maputo, João Carlos Nunes, reconheceu o sentimento geral no templo: “Sentimo-nos materialmente esmagados por este golpe”.

Classificando este crime como “cruel e inesperado”, o arcebispo acrescentou: “A violência e a barbaridade que levou a sua vida nos choca profundamente”.

O arcebispo disse mesmo que Elvino Dias, apesar da “sua partida precoce, viveu uma vida cheia de significado”, dedicando a sua atividade à “defesa dos direitos dos mais vulneráveis”.

“Se calhar terá sido por isso que não foi bem entendido e acolhido”, criticou o arcebispo da diocese de Maputo.

Acrescentou mesmo que esta morte é “um alerta”, assumindo: “O mal continua a ameaçar a nossa sociedade, o nosso país e a nossa cidade”.

Para o arcebispo de Maputo, “não pode ser apenas lamentar” a morte de Elvino Dias, defendendo que é preciso “transformar a dor” com um “compromisso renovado com a justiça, com a verdade e acima de tudo com a paz”.

“A sua morte nos desafia a dar continuação a esta missão, da busca da verdade, da justiça e da paz. Não podemos ser indiferentes ao sofrimento que afeta tantas famílias nossas”, disse ainda João Carlos Nunes.

O candidato Venâncio Mondlane, que apelou à participação em massa nas cerimónias fúnebres de hoje, não esteve presente, tendo anunciado nos últimos dias que se encontra “em parte incerta”, contudo, o candidato presidencial e líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Lutero Simango, assistiu, na igreja.

Ao mesmo tempo decorria na morgue do Hospital Central de Maputo, centro da cidade, o velório de Paulo Guambe, mandatário eleitoral do partido Podemos – que apoia o candidato presidencial Venâncio Mondlane, de que foi membro fundador, além de docente, argumentista, produtor e realizador.

O seu funeral está agendado para o cemitério de Jangamo, província de Inhambane, sul de Moçambique, na quinta-feira.

A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam as vítimas, mortas a tiro, foi “emboscada”.

O crime, bem como a contestação aos resultados provisórios das eleições gerais de 09 de outubro, levaram Venâncio Mondlane a convocar marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersadas por forte atuação da polícia, com tiros para o ar e gás lacrimogéneo, e os confrontos provocaram, segundo fonte hospitalar, pelo menos 16 feridos em Maputo.

A resposta policial às manifestações foi condenada pela comunidade internacional e houve vários apelos à contenção de ambas as partes, nomeadamente de Portugal, da União Europeia e da União Africana.

As eleições incluíram as sétimas presidenciais, em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre quinta-feira, 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
9 days 13 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
11 days 12 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
19 days 10 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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