sexta-feira, 22 novembro 2024

A ATUALIDADE

PR angolano deve assumir que há fome no país e abertura à democratização – analistas

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 Analistas angolanos desafiaram hoje o Presidente, João Lourenço, a assumir que há fome no país e que não vai alterar a Constituição para se manter no poder, pedindo um discurso à Nação “aberto para a democratização do país”.

O Presidente de Angola, João Lourenço, apresenta terça-feira o seu discurso sobre o Estado da Nação, a ser proferido na abertura do terceiro ano (2024-2025) da V Legislatura da Assembleia Nacional em cumprimento do disposto na Constituição angolana.

Para os analistas Paulo Inglês e Albino Pakisi, nesta mensagem à Nação, João Lourenço deve reconhecer que a fome no país está a “desestruturar famílias, que se socorrem do lixo para sobreviver”, e anunciar que não fará uma alteração constitucional para se manter no poder.

“A situação social [do país] continua crítica neste momento. Há pessoas a passar fome e são esses os pontos que o Presidente da República deveria falar na sua comunicação, e, depois, também tornar claro que não haverá terceiro mandato e que não vai mexer na Constituição da República de Angola (CRA), isso também o Presidente [da República] deveria falar”, afirmou o sociólogo Paulo Inglês.

Falando à Lusa sobre as suas expectativas em torno do discurso de João Lourenço sobre o Estado da Nação, agendado para 15 de outubro, Inglês disse que o chefe do executivo angolano deverá apresentar uma súmula das realizações do Governo “sem qualquer análise profunda sobre a situação do país”.

João Lourenço “vai querer justificar, dizendo que teve algumas iniciativas legislativas e algumas medidas económicas e vai dizer que estas estão a dar resultados, mas não são visíveis, acho que essa será a linha do seu argumento”, referiu o analista social.

Paulo Inglês lamentou a atual situação socioeconómica do país, pedindo “clareza” no discurso do Presidente angolano em torno da política económica, que diz não estar a funcionar, pois a “inflação não baixou e o kwanza [moeda nacional] continua em queda”.

“O Presidente da República vai querer embandeirar a questão do salário mínimo nacional, mas já vimos que aquilo foi um truque que foi usado, porque, de facto, o salário mínimo não aumentou, foram apenas acréscimos aos subsídios que davam aos trabalhadores”, indicou o também docente.

A política social do Governo angolano “está a ser um fracasso total”, afirmou, por sua vez, Albino Pakisi, que espera que o Presidente angolano “assuma, de uma vez por todas, que o país está com dificuldades sociais e que as famílias estão a passar fome”.

“Temos crianças e famílias a comerem nos contentores de lixo, portanto, mais do que o Presidente da República dizer que a fome é relativa, tem de assumir que a fome não é relativa para se encontrar soluções”, notou.

“Nós nem sequer no tempo de guerra tínhamos a situação social que temos hoje, de famílias desestruturadas, que passam fome, que ocupam contentores de lixo. Do ponto de vista social, o Governo está a ser um fracasso total, mesmo com todos os programas sociais que tem. É preciso assumir isso para que se possa reconhecer e corrigir com os dados”, insistiu.

Pakisi defendeu também, em entrevista à Lusa, que o chefe de Estado angolano deve apresentar as perspetivas do país para o triénio 2025-2027, porque a situação económica do país “é grave, com pequenas, médias e grandes empresas em situação de falência, empobrecendo cada vez mais as famílias”.

O analista, teólogo e filósofo afirmou esperar ouvir um discurso aberto para a democratização de Angola, salientando que o país tem aprovado “leis draconianas, que são piores que nos países ditatoriais”, como a lei que criminaliza o vandalismo de bens públicos com penas até 25 anos de prisão.

“Era bom que o Presidente [da República] se pronunciasse sobre isso”, advogou, lamentando constatar “algum recuo da democracia interna” do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder), que “também afeta o país”.

Porque, “se o MPLA não é um partido democrático, não vai aceitar democracia para o nosso país, isso nos assusta. Era também importante que o Presidente falasse sobre liberdades”, lamentou.

“Angola está a ser um país onde uma parte considerável de jovens, considerados 'revús' [como são chamados os cidadãos críticos do Governo], estão a fugir do país e alguns estão detidos e o Presidente da República não pode fazer ouvidos de mercador perante esta situação, que mancha a sua reputação”, concluiu Albino Pakisi.

A Semana com Lusa

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David Dias
10 days 1 hour

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
11 days 23 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
19 days 22 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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