O Governo cabo-verdiano lançou hoje um projeto de mapeamento da diáspora cabo-verdiana para fazer uma "avaliação segura" e ter "melhor conhecimento" da população no exterior, a partir de informações estatísticas.
"Este projeto de mapeamento é muito importante [para] sairmos do 'empírico', das opiniões, para termos uma avaliação segura daquilo que é a presença da nossa diáspora", afirmou o primeiro-ministro, José Ulisses Correia e Silva, durante a apresentação, na Praia, e transmitido na Internet.
O "projeto inovador", que deverá incluir, até 2026, o primeiro recenseamento da diáspora pelo INE, ajudará a dar "suporte a decisões políticas, económicas, públicas e também estatísticas financeiras", acrescentou.
"Vamos realizar, ainda no primeiro semestre deste ano, uma conferência internacional sobre a diáspora e desenvolvimento regional para podermos juntar várias boas experiências que existem no mundo e partilhá-las" numa ótica de apoio ao desenvolvimento, adiantou.
Jorge Santos, ministro das Comunidades, referiu que o Governo decidiu dar "centralidade" à população cabo-verdiana no exterior e que isso exige políticas públicas concretas, pelo que "é preciso conhecer a diáspora, ir ao encontro [dela] e valorizá-la", ao estar presente em mais de 40 países.
"Hoje apresentamos este projeto e com esse estudo será possível termos dados oficiais sobre essa população", realçou.
No evento de hoje, foi ainda assinado um protocolo para o estabelecimento de condições de financiamento e execução do projeto de mapeamento, no valor de 15 milhões de dólares (13,78 milhões de euros).
O protocolo foi assinado pelo diretor-geral das Comunidades, Martinho Ramos, pelo presidente do conselho diretivo do Instituto Nacional de Estatística (INE), João Cardoso, e pelo coordenador da Unidade de Gestão de Projetos Especiais (UGPE, departamento estatal), Nuno Gomes - contando com apoios do Banco Mundial e da Organização Internacional das Migrações (OIM).
O Governo aprovou em junho de 2023 o início do processo de mapeamento da diáspora cabo-verdiana, conferindo ao INE o papel de executar o projeto, com o principal objetivo de conhecer o perfil dos cabo-verdianos emigrados e inteirar-se da sua situação.
O mapeamento será realizado em todos os países que acolhem comunidades cabo-verdianas com vista a atualizar e facilitar a produção de estatísticas oficiais, prevendo-se a conclusão da operação em 2026.
As remessas de emigrantes para o país rondaram os 400 milhões de euros em 2023, estimando-se que vivam fora do país 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes, cerca do triplo da população residente no arquipélago, que ronda os 500 mil habitantes.
A Semana com Lusa
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