quinta-feira, 03 julho 2025

REPORTAGEM: Independências: ‘Decano’ cabo-verdiano em Sanya chegou para estudar e ficou a ensinar basquetebol

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Waldir Soares, ‘decano’ da comunidade cabo-verdiana em Sanya, chegou à China para estudar e acabou por ficar a ensinar basquetebol, numa história de 14 anos de ligação à cidade balnear no extremo sul do país.

Natural da ilha do Sal, Soares, de 45 anos, chegou a Sanya em 2011 para estudar Língua, Cultura e História da China, acabando por se transferir, no ano seguinte, para o curso de Gestão de Turismo. Foi o primeiro de centenas de estudantes cabo-verdianos que, desde então, viveram e estudaram na cidade, situada na ilha tropical de Hainan.

“O ambiente é praticamente o mesmo: zonas balneares, mar, restaurantes, bares, o turismo”, afirmou à agência Lusa, traçando um paralelo com a sua terra natal.

Beneficiando de clima tropical, baixa densidade populacional e natureza quase intacta, num país industrializado e com metrópoles densamente povoadas, a ilha é conhecida pelo turismo de saúde e bem-estar.

“Isso faz parte do plano do Governo: manter a natureza, as montanhas, o verde, a qualidade do ar. A impressão digital da ilha como ela é”, descreveu Soares.

Sanya popularizou-se também por receber grandes eventos internacionais, incluindo o concurso Miss Mundo, a regata Volvo Ocean Race ou o Met-Rx World's Strongest Man (“O Homem Mais Forte do Mundo”, em português), o evento internacional mais importante do atletismo de força.

“Aqui, eles têm o poder financeiro de organizar eventos internacionais, de levar Sanya para fora”, disse Waldir Soares. “Em Cabo Verde, fazemos o contrário: trazemos o mundo até nós, o que é mais difícil, através de eventos tradicionais, festivais de música nas praias, o artesanato”, comparou.

Em Sanya, Waldir manteve a ligação ao basquetebol, que o acompanhou desde a juventude, enveredando pela carreira de treinador após terminar os estudos.

“A minha vida rodou sempre em torno do basquetebol”, referiu. Chegou a ser convocado para a seleção nacional de Cabo Verde e jogou em clubes nas ilhas do Sal, São Vicente e na cidade da Praia.

No centro de Sanya, deu treinos a crianças com idades entre os 4 e os 6 anos. “O basquetebol é o desporto popular que todo o chinês quer praticar, muito mais do que o futebol”, explicou.

A figura de Yao Ming, ex-jogador dos Houston Rockets, é uma das mais respeitadas no país. A China é o segundo maior mercado para a Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA), a seguir aos Estados Unidos, representando centenas de milhões de dólares em receitas anuais.

A Associação Chinesa de Basquetebol estima que mais de 300 milhões de pessoas pratiquem regularmente a modalidade no país, que tem mais de 1,4 mil milhões de habitantes.

“O basquetebol é forte na China devido à cultura que está associada ao desporto: o vestuário, as marcas e os modelos de ténis, o espetáculo da NBA”, apontou Soares. “Isso leva a que o número de praticantes cresça consideravelmente”, enfatizou.

A prática desportiva, num país que durante décadas impôs a política do filho único, é também, segundo Waldir, uma forma de socialização.

“Muitas famílias têm apenas um filho e esse filho, fora da escola, está apenas com adultos, mas quando pratica basquetebol, ou outro desporto de grupo, entra numa comunidade, aprende cooperação, trabalho em equipa, muitas outras coisas importantes para a vida futura de uma criança”, descreveu.

Apesar de viver desde o ano passado em Xangai, a “capital” económica da China, Waldir viaja para Sanya com frequência. “A minha ligação com esta cidade é para sempre”, vincou.

 

A Semana com Lusa

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