A Biosfera Cabo Verde já identificou no Programa de Tubarões e Raias mais de 900 indivíduos em três ilhas do arquipélago e que agora precisam ser preservados através da consciencialização e de medidas públicas.
O repto foi lançado pelo coordenador do projecto, Steven Pires, que, em entrevista à Inforpress, disse ser com “muito gosto” que a Biosfera decidiu dar continuidade à iniciativa da Universidade Dalhousie, de Canadá, na qual se pretendia, entre 2015 e 2017, fazer a marcação de tubarões em território cabo-verdiano através de um sistema acústico.
Em 2019, a Organização Não Governamental (ONG) ambiental retomou o programa com mais expedições à Santa Luzia, para investigação e marcação de espécies como o tubarão Viola Barba Negra, redescoberto na reserva deserta pelo projecto de Canadá, e o Tubarão Doninha do Atlântico, os dois considerados em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“Desde então, temos feito estas expedições para saber mais sobre a população, habitat, biologia, não somente destas duas espécies alvo do projecto, mas, também de outras espécies em geral”, explicou a mesma fonte, adiantando estarem a utilizar vários métodos, entre estes, a marcação externa com uma etiqueta com informações sobre o animal.
Com o método de marcação externa, a ONG, assegurou, já conseguiu identificar “mais de 500 indivíduos”, sendo que, do grupo, 40 por cento (%) (230 indivíduos) são Viola Barba Negra, e 15% são Tubarão-Doninha (87 indivíduos), localizados em São Vicente e Santa Luzia.
“Através destes números, podemos dizer que tanto Santa Luzia, como São Vicente, têm áreas de importância global e que podem ser considerados como áreas berçário para a espécie Viola Barba Negra e tubarão Doninha do Atlântico”, argumentou Steven Pires, enaltecendo a divulgação dos dados para maior conhecimento da população e tomada de medidas “mais eficazes de gestão” por parte do Governo.
Contudo, desde 2022, a Biosfera tem estado também a aplicar o método BRUVs (Baited Remote Underwater Video Systems, designação em inglês) e que, conforme o biólogo, permitiu “mais de 400 observações” e identificação de mais de dez espécies, nas ilhas de São Vicente, Santa Luzia e também São Nicolau, e que merecem ser preservadas.
Questionado sobre as ameaças enfrentadas, Steven Pires asseverou que, no caso de Cabo Verde, são as mesmas colocadas a nível mundial, como a sobrepesca, a captura para se aproveitar apenas as barbatanas, a perda dos habitats e a questão da poluição.
“Mas, em Cabo Verde ainda há muito que estudar e pesquisar para se saber as reais causas do desaparecimento das espécies de tubarões”, assinalou.
Daí, segundo a mesma fonte, a intenção da Biosfera é dar continuidade ao programa que pretendem tornar de cariz mais nacional.
“Que outras instituições, outras ONG possam implementar estes métodos e a forma de fazer o estudo e em conjunto as ONG terem mais peso aquando da tomada de decisões e ter a influência necessária nas decisões por parte do Governo”, enalteceu.
A ideia, ajuntou, é contrariar a previsão de extinção e fazer com que os tubarões tenham, a médio e longo prazo, “uma população estável e saudável e um habitat onde podem se prosperar”. A Semana com Inforpress
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