HMPV surgiu na China e é conhecido desde 2001. Este inverno registou-se um aumento inesperado do número de infeções, situação que as autoridades portuguesas estão a acompanhar.
O aumento de casos de metapneumovírus humano (HMPV) na China tem feito soar campainhas um pouco por todo o mundo. Segundo o The Guardian, o Centro de Controlo de Doenças (CDC) chinês alertou as pessoas para tomarem precauções em matéria de saúde e higiene, mas também rejeitou os receios de uma nova pandemia do tipo covid.
De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal britânico, o aumento de casos deve-se parcialmente a novas tecnologias que permitem detetar e identificar mais facilmente o HMPV.
À CNN Portugal, Gustavo Tato Borges, médico de saúde pública, lembra que este "não é um novo vírus" e explica que o melhor a fazer é tomar os mesmos cuidados de quando se tem covid-19 ou uma gripe: lavar as mãos, usar máscara e manter a distância.
O que é o metapneumovírus humano (HMPV)?
Em primeiro lugar, não é um novo vírus. O metapneumovírus humano é conhecido desde 2001, é um primo do vírus sincicial respiratório -o VSR- que também é bastante nosso conhecido. Não existe nenhuma arma terapêutica, nenhum medicamento que possa atuar especificamente neste vírus e, portanto, as medidas são normalmente de suporte quando uma pessoa tem uma infeção grave, mas é uma doença respiratória que já circula um pouco por todo o lado.
Qual é a gravidade deste vírus? O que é que necessário saber sobre este vírus?
É um vírus respiratório, como tantos outros que temos, que dá sintomas genéricos como tosse, febre, nariz entupido, falta de ar, mas que em crianças pequenas, idosos e pessoas que são imunocomprometidas - com problemas no seu sistema imunitário - podem levar a bronquites e pneumonia e em casos excepcionais pode levar à morte. Mas é uma doença ou uma infeção que é combatida com as mesmas medidas que tivemos na pandemia e que temos para a gripe: o uso da máscara, o distanciamento físico, a lavagem das mãos, a renovação do ar no interior. São todas as medidas que temos já incutidas na nossa cabeça para a covid-19 e que funcionam para o VSR, funcionam para o metapneumovirus, funcionam para a gripe e devemos continuar a usá-las.
O que é que aconteceu agora na China?
Temos um aumento inesperado do número de infeções, maioritariamente em crianças e adolescentes - aliás, as crianças e os idosos mais vulneráveis são sempre os grupos de risco para estas infeções - e que motiva apenas a preocupação de perceber se o metapneumovírus humano teve alguma alteração genética, alguma mutação que faça com que ele se torne de maior risco ou se apenas estamos a assistir a um pico devido às festividades e ao maior contacto de muitas pessoas, mediamente jovens, em ambientes de festa e de proximidade física. Neste momento não há nenhum dado alarmante desta circunstância na China, no entanto, é preciso continuar a vigiar e perceber se estamos perante algo que vai necessitar de implementarmos medidas mais alargadas ou se apenas manter esta vigilância e se isto fica circunscrito ao local onde está.
Há algum dado que indique que isto pode ser uma nova epidemia?
Não há nada neste momento que diga que isto possa ser uma epidemia nova. Também não lhe vou dizer que não vai ser. Isto é sempre algo que temos de acompanhar. A razão pela qual isto aumentou não se percebe, agora é preciso identificar exatamente quais são estas causas ou se isto foi ou uma mudança no vírus ou uma mudança no comportamento das pessoas e se há alguma coisa mais importante.
Devemos estar preocupados?
Não tenho conhecimento de que estas infeções estejam neste momento a ser graves. Nesta fase ainda não estamos em alerta. É uma questão que continuamos a aguardar para ver e perceber. Faz lembrar um pouco o que aconteceu com a República Democrática do Congo há relativamente pouco tempo, onde um conjunto de adolescentes faleceram numa situação de infeção à volta de umas centenas de largas de pessoas, motivadas por múltiplas infeções, entre covid, gripe, malária e estados de má nutrição, e que levaram também a um alerta internacional. Felizmente não houve casos noutros lados do mundo e, por isso, continuamos a vigiar para perceber o que é que se passa lá. Com esta circunstância na China acredito que, para já, será mais ou menos a mesma coisa. Vamos acompanhar. Não parece haver uma gravidade excessiva, mas há uma alteração no padrão epidemiológico da doença que está a ser estudada.
A Semana com CNN Portugal
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