O antigo deputado e ministro da Administração Interna de Cabo Verde faleceu, aos 63 anos de idade, na noite desta sexta-feira, no Hospital Agostinho Neto, na Praia, vítima de doença prolongada.Licenciado em Direito, Livio Fernandes Lopes foi dirigente do PAICV e um estudioso da cultura cabo-verdiana, com destaque para as manifestações culturais da sua ilha natal, Fogo.
A população de Patim nunca o esquecerá. Teve a nobre ideia de ser um dos principais fundadores e primeiro presidente da ABC-Amigos de um Berço Comum, uma associação que ainda funciona e desenvolve várias atividades em prol do desenvolvimento local.
O Asemanaonline, de que foi seu amigo e colaborador, soube que o funeral de Lopes está prevista para quarta-feira, no cemitério da Várzea, Praia. Mas a Câmara de São Filipe, através do seu presidente Nuias Silva, já manifestou o seu desejo para que as exéquias do falecido acontecessem de forma digna no Fogo, mais concretamente na cidade de São Filipe, sua terra natal.
Natural de Patim, centro-sul do Concelho de São Filipe do Fogo, Lívio Fernandes Lopes nasceu a 18 de agosto de 1961. Era quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde.
Segundo fontes familiares, ele regressou à cidade da Praia no final de ano passado vindo do Timor Leste, onde se encontrava a prestar serviços na sua área profissional. Residia no Bairro de Terra Branca até ao seu falecimento nesta sexta-feira,26, no Hospital Central Agostinho Neto, vítima de doença prolongada.
A fazer fé nas fontes deste jornal, Lívio Fernandes Lopes foi empossado como Ministro da Administração Interna de Cabo Verde num dos governos de José Maria Neves em 21 de dezembro de 2007. Ele é membro do PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) e representava o círculo do Fogo como deputado. Lopes presidia também a Comissão Especializada dos Assuntos Jurídicos e Constitucionais da Assembleia Nacional.
Conforme o site https://odireitoonline.com, Lívio Fernandes Lopes ingressou na Faculdade de Direito de Macau no ano lectivo de 1990/1991 com mais quatro colegas de Cabo Verde - José Costa, Álvaro Rodrigues, Adelino Correia e Albertino Mendes. Após ter concluído o curso em 1995 regressou a Cabo Verde.
Obras sobre Direito, Reforma do Estado e Cultura
Ainda em Macau, publicou, em co-autoria com o seu colega José Costa, um texto intitulado «Direito escrito vs Direito não escrito» na edição de «O Direito» de Novembro de 1991. O trabalho tinha sido preparado para a cadeira de História das Instituições Jurídicas e Políticas leccionada no 1.º ano do Curso.
Na frente parlamentar, Lopes destacou-se como autor do livro Reforma do Parlamento e do Estado de Cabo Verde. Demitiu-se, no entanto, do cargo de deputado antes do término de mandato de 2016 por se ter imcompatibilizado com alguns colegas que, entre outros aspectos, tomaram posição contra algumas das propostas constantes do livro sobre a Reforma do Estado.
Lívio Fernandes Lopes foi, por outro lado, nomeado pelo governo de José Maria Neves, no inicio de Dezembro de 2015, para o cargo de presidente do Conselho da Administração da Agência de Regulação Económica (ARE). Uma função o que o mesmo exerceu até depois da legislativas de 2016, que foram ganhas pelo MpD.
A nível cultural, Lívio chegou a anunciar que estava a escrever um livro de literatura importante para o Fogo e Cabo Verde. Deixou importantes composições, algumas das quais sobre bandeira gravadas pelo trovador foguense Talulu, além de artigos de opinião e reflexão sobre a cultura cabo-verdiana, com destaque para as manifestações culturais do Fogo – algumas foram publicadas neste jornal.
A população de Patim nunca o esquecerá. Teve a nobre ideia de ser um dos principais fundadores e primeiro presidente da ABC-Amigos de um Berço Comum, uma associação que ainda funciona e desenvolve várias atividades em prol do desenvolvimento local.
Em relação ao poder local, Lívio Fernandes Lopes foi tambem, durante alguns anos, presidente/gestor do Gabinete de Desenvolvimento Regional Fogo e Brava – uma espécie de agência que pensava e planeava o desenvolvimento destas duas ilhas mais a sul de Cabo Verde.
O coletivo deste jornal, de que foi colaborador regular, aproveita para apresentar as suas sentidas condolências à família de Lopes. Que repouse em paz!
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