Uma em cada três pessoas em Gaza está a passar dias inteiros sem comer, revela o Programa Alimentar Mundial.
Segundo o relatório da IPC, quase 17 em cada 100 crianças com menos de 5 anos estão gravemente desnutridas. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, uma em cada três pessoas em Gaza está a passar dias inteiros sem comer. “O fracasso em agir agora resultará em mortes generalizadas em grande parte da Faixa.” É este o novo alerta dado pela IPC.
Já se passaram quase 22 meses desde o início da guerra e o horror continua instalado na Faixa de Gaza, onde milhares de cidadãos continuam sem acesso a água, comida e tantos outros bens. Mas agora há um aviso derradeiro.
“O pior cenário possível de fome está atualmente a acontecer na Faixa de Gaza", diz uma agência de monitorização da fome apoiada pela ONU, a Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC na sigla em Ingês). Citada pela agência de notícias Associated Press (AP), a IPC alerta ainda para “mortes generalizadas” caso não haja uma ação imediata.
“O conflito e o deslocamento intensificaram-se e o acesso a alimentos e a outros bens e serviços essenciais caiu para níveis sem precedentes”, acrescenta a IPC. “Há cada vez mais provas de que a fome generalizada, a desnutrição e as doenças estão a provocar um aumento das mortes.”
Durante o fim de semana, Israel admitiu suspender a operação militar em algumas zonas e permitir a entrada de alguma ajuda humanitária através de lançamentos aéreos, mas as Nações Unidas e os palestinianos no terreno afirmam que pouco mudou, mesmo depois do ralhete dado por Donald Trump e Benjamin Netanyahu.
Os Médicos Sem Fronteiras também se manifestaram - dizem que os novos lançamentos aéreos são ineficazes, perigosos e que transportam muito menos ajuda do que os camiões.
Israel tem estado, desde o início da guerra, a controlar e restringir a ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza. Em março, os palestinianos foram privados de qualquer tipo de ajuda, quando Israel impediu a entrada de todo e qualquer bem, com o intuito de pressionar o Hamas a libertar os reféns.
Em maio, as restrições diminuíram, mas ainda assim a ajuda que chega não é suficiente e muitas das vezes é marcada pelo caos e pela violência. Multidões desesperadas continuam a sobrecarregar e a esvaziar os camiões antes que estes possam chegar aos seus destinos. Relatos vindo da Faixa de Gaza, revelam que até quem está na linha da frente de ajuda está a passar fome.
Ao mesmo tempo, Israel desculpabiliza-se pela situação. O próprio primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirma veemente que não há fome em Gaza. Trump já o contrariou: "Há fome em Gaza, não dá para fingir".
Gaza está à beira da fome há dois anos, segundo afirma a IPC, que diz ainda que os mais recentes desenvolvimentos, nomeadamente os “bloqueios cada vez mais rigorosos” por parte de Israel, “agravaram dramaticamente” a situação.
Segundo o relatório da IPC, quase 17 em cada 100 crianças com menos de 5 anos estão gravemente desnutridas. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, uma em cada três pessoas em Gaza está a passar dias inteiros sem comer.
“O fracasso em agir agora resultará em mortes generalizadas em grande parte da Faixa.” É este o novo alerta dado pela IPC.
Ainda que especialistas independentes afirmem que não é necessária uma declaração formal para perceberem a situação que se vive em Gaza, essa mesma declaração só é possível de obter através do acesso aos vários dados - dados estes a que não é possível aceder, tendo em conta as restrições impostas dentro do território.
Segundo a ONU, há critérios que determinam se certa área é afetada pela fome: que pelo menos 20% dos agregados familiares enfrentem uma carência extrema de alimentos e enfrentem níveis extremos de fome; que pelo menos 30% das crianças no mesmo local sofram de desnutrição aguda ou emaciação; e que pelo menos duas pessoas ou quatro crianças com menos de 5 anos por cada 10 mil habitantes morram diariamente devido à fome ou à interação entre desnutrição e doença.
A Semana com CNN Portugal
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