O antigo Presidente da República Pedro Pires defende que o Desastre da Assistência, ocorrido há 76 anos, deve ser lembrado como uma das tragédias humanas registadas em Cabo Verde no passado.
Foi a 20 de Fevereiro de 1949 que esta tragédia bateu sobre a capital cabo-verdiana, mais concretamente na localidade da Várzea da Companhia, onde foi construído um barracão para servir refeições quentes aos indigentes que o procuravam para matar a fome.“A história de Cabo Verde está marcada por tragédias e por dificuldades enormes”, frisou o antigo chefe de Estado, para quem os cabo-verdianos não devem esquecer essas tragédias que marcaram o seu passado.
“A tragédia do muro da assistência deve servir para uma reflexão sobre a nossa história, porque, por vezes, nós esquecemos da nossa história, ela foi trágica”, disse Pedro Pires.
O antigo Presidente da República fez estas considerações, ao ser abordado pela Inforpress, à margem de uma conversa alargada para assinalar os 50 anos das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, para se pronunciar sobre o Desastre de Assistência de 1949, na cidade da Praia, em que morreram centenas de pessoas que aguardavam por uma única refeição quente do dia.
Pires classifica este acontecimento como a “mais terrível catástrofe” de todos os tempos registada em Cabo Verde, pelo que, defende que a data devia ser assinalada com actos oficiais na Assembleia Nacional.
Para o efeito, avançou o antigo chefe de Estado, deve haver uma discussão entre os deputados e partidos políticos com assento parlamentar, para que deem atenção ao caso do Desastre de Assistência e, de uma forma geral, os períodos de fome que grassaram o País.
Foi a 20 de Fevereiro de 1949 que esta tragédia bateu sobre a capital cabo-verdiana, mais concretamente na localidade da Várzea da Companhia, onde foi construído um barracão para servir refeições quentes aos indigentes que o procuravam para matar a fome.
“A história de Cabo Verde está marcada por tragédias e por dificuldades enormes”, frisou o antigo chefe de Estado, para quem os cabo-verdianos não devem esquecer essas tragédias que marcaram o seu passado.
O combatente da liberdade da Pátria lembrou que entre 1940 a 1942, cerca de metade da população da ilha do Fogo morreu de fome.
“Isso é uma tragédia, mas quem se lembra disso? Interroga-se Pedro Pires, mencionando outras ilhas, como São Nicolau e Santo Antão que também muito afectadas por crises agrícolas e fomes.
Para Pedro Pires, os cabo-verdianos da sua geração têm sido perseguidos pelo fantasma da fome.
“A questão da fome marca-nos como, há dias disse uma socióloga, é uma espécie de trauma transgeracional”, apontou Pires.
Durante as fomes, milhares de cabo-verdianos nunca souberam onde é que os seus entes queridos foram enterrados. Muitos corpos apodreceram nas achadas, nos covões e nas furnas à beira mar.
A Semana com Inforpress
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