Um grupo de jovens manifestou-se hoje “frustrados” com a dificuldade e as possibilidades que o mercado de trabalho oferece alegando que a maioria dos anúncios limitam os concorrentes pela exigência de experiência e idade.
“Muitos dos processos de recrutamento se destinam aos sobrinhos e filhos ou conhecidos dos responsáveis pelo recrutamento”, afirma Rick Spencer que está a frequentar um estágio.
Com limitações de idade e exigências de experiência, os jovens contactados pela Inforpress afirmaram sentir grandes dificuldades em ingressar numa carreira profissional e argumentam cair sempre em situação de frustração, desespero e depressão por passarem meses e anos à procura do primeiro emprego mesmo com uma licenciatura.
Os mesmos afirmam que embora o país tenha um elevado número de jovens qualificados, o acesso ao mercado de trabalho não depende apenas da “competência” ou formação, mas também das relações pessoais, visto que para conseguir uma vaga, afirmam que é preciso contar com um "padrinho” ou alguém influente para “abrir portas”.
Rick Spencer, licenciado em ciências biológicas, avançou que enfrentou várias dificuldades para entrar no mercado de trabalho, alegando ter descoberto que no país existe pouca, para não dizer nenhum “link” entre as universidades e entidades empregadoras de modo a facilitar o acesso às informações sobre o recrutamento.
“Muitos dos processos de recrutamento se destinam aos sobrinhos e filhos ou conhecidos dos responsáveis pelo recrutamento”, afirma Rick Spencer que está a frequentar um estágio.
O licenciado em ciências biológicas aponta ainda como desafio a fraca ligação entre as universidades e as entidades empregadoras, e a preferência das empresas em “criar vários contratos de estágio, em vez de efectivar o trabalho”.
Outro problema identificado pelos jovens é a grande quantidade de “falsos anúncios” praticado por muitas empresas no anúncio de vagas, cumprindo assim a formalidade quando na verdade já têm alguém para preencher a vaga.
“Já me candidatei a várias vagas após ver os anúncios de emprego. Gastei dinheiro, que nem tenho, para tirar os documentos exigidos pelas empresas, e, na maioria das vezes, nunca recebi um retorno sobre a minha candidatura”, disse Silene Brito para quem a frustração ainda é maior já que não consegue fazer a sua licenciatura.
Silene Brito é uma jovem que terminou o ensino secundário recentemente e busca uma oportunidade de emprego para conseguir ingressar na universidade e custear seus estudos.
Já Nádia Martins, que também está em busca de uma oportunidade de ingressar no mercado de trabalho, a exigência de experiência é um grande obstáculo mesmo para ocupar funções que considera simples.
“Em muitas empresas exigem que o candidato tenha um certo número de anos de experiência e isso é difícil para se conseguir o primeiro emprego”, acrescentou, sublinhando que para uma jovem como ela que não tem experiência e nem formação superior entrar no mercado de trabalho fica difícil.
Além das exigências de experiência, outro factor limitante para os jovens, segundo Ângela Correia, com formação em atendimento, é a imposição de limite de idade em diversos anúncios de emprego, o que exclui jovens com mais de 30 anos, que, apesar de ainda estarem em uma fase inicial de sua carreira, já são considerados “velhos demais” para certas funções.
“Tenho mais de 30 anos e, por mais que procure, a maioria das vagas são restritas para pessoas com menos de 30 anos. Sinto que, por um motivo arbitrário, estou sendo deixada de lado mesmo com a minha formação”, lamenta Ângela Gonçalves.
Por estes e outros motivos, a situação do desemprego jovem em Cabo Verde, segundo os jovens entrevistados, “é complexa e exige uma abordagem multifacetada”.
A Semana com Inforpress
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