A investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público à morte de Odair Moniz, no bairro da Cova da Moura, Amadora, já concluiu que o auto de notícia não pode ter sido escrito pelo agente que baleou a vítima, desde logo porque quando o documento foi elaborado, horas depois do incidente e nas instalações da PSP, o polícia em causa não estava sequer na divisão da Amadora, onde prestava serviço, mas a ser interrogado na sede da PJ em Lisboa, apurou a CNN Portugal.
No primeiro comunicado oficial sobre o caso, a PSP afirmou que o polícia reagiu a tiro a uma ameaça de faca, remetendo essa informação para o auto de notícia. Mas o agente disse na PJ que não foi ameaçado com faca nenhuma: apenas lhes pareceu no confronto físico com o suspeito ter visto qualquer coisa como uma lâmina.
Além disso, quando o auto de notícia chegou à PJ, para ser junto ao processo onde o agente é investigado por homicídio, ainda não estava assinado pelo próprio, que era suposto ter escrito o documento. São conclusões que chocam de frente com a versão oficial da PSP, que afirmou ter sido o “polícia interveniente” a elaborar o auto.
Quando a CNN noticiou que o agente envolvido na morte de Odair, a 21 de outubro, reconheceu à PJ não ter sido ameaçado pela vítima de faca em punho, contrariando o que a PSP afirmava num comunicado, a Polícia voltou a reagir oficialmente - e anunciou que o comunicado era fiel ao que o agente tinha escrito no auto de notícia. Os alegados factos apurados entretanto colocam em xeque a PSP – e levam a investigação numa nova frente.
A CNN sabe que o inquérito corre na secção regional do DIAP de Lisboa, e não no DIAP da Amadora, porque além do homicídio simples, pelo qual o polícia já é arguido, a procuradora centra-se nas suspeitas de falsificação do auto de notícia - que a terem ocorrido vão implicar outras pessoas na hierarquia da PSP da Amadora.
No primeiro comunicado oficial sobre o caso, a PSP afirmou que o polícia reagiu a tiro a uma ameaça de faca, remetendo essa informação para o auto de notícia. Mas o agente disse na PJ que não foi ameaçado com faca nenhuma: apenas lhes pareceu no confronto físico com o suspeito ter visto qualquer coisa como uma lâmina.
No local do crime, foi depois encontrada uma faca junto a uma bolsa, mas não nas mãos de Odair Moniz. O agente da PSP que disparou sobre a vítima foi esta quarta-feira ouvido no Ministério Público, mas optou por se remeter ao silêncio perante a procuradora Patrícia Agostinho.
A Semana com CNN Portugal
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