O Governo da Venezuela revogou este sábado a autorização que tinha concedido ao Brasil para representar os interesses da Argentina em Caracas, incluindo a proteção das representações diplomáticas na Venezuela, por alegadamente estarem a ser preparados atos terroristas.
"A Venezuela é forçada a tomar esta decisão devido à evidência do uso das instalações daquela missão diplomática para o planeamento de atividades terroristas e tentativas de homicídio” contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e a vice-presidente executiva, Delcy Rodríguez, lê-se num comunicado emitido pelo governo e citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.
A medida foi anunciada depois de várias denúncias feitas por requerentes de asilo da oposição que, desde sexta-feira à noite, afirmaram que vários polícias cercaram a residência da Embaixada da Argentina na capital venezuelana.
A requerente de asilo Magalli Meda denunciou que as entradas da residência diplomática continuam “cercadas” por agentes policiais, tendo o partido da oposição Vente Venezuela (VV) denunciado na rede social X, antiga Twitter, que a sede acordou "cercada por agentes do regime, encapuzados e armados".
Há seis opositores de Maduro que estão refugiados, desde março, na embaixada da Argentina em Caracas, no seguimento da acusação, pela Procuradoria-Geral da República venezuelana, de vários crimes, incluindo conspiração e traição.
O governo brasileiro declarou-se surpreendido pela decisão das autoridades venezuelanas e salientou que a missão diplomática argentina deve ser inviolável, em cumprimento das convenções internacionais.
"O Brasil salienta a inviolabilidade, nos termos da Convenção de Viena, das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente acolhe seis exilados venezuelanos, assim como os seus bens e arquivos", disse o ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro, numa nota citada pela Efe.
O Brasil, acrescenta-se nessa nota, "permanecerá com a guarda e a defesa dos interesses argentinos até que a Argentina designe outro Estado aceitável" para o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O Brasil ocupa-se desde agosto da guarda das sedes diplomáticas da Argentina e do Peru na Venezuela, para além da representação dos seus interesses e representa também os cidadãos destes dois países, depois da expulsão dos membros de ambas as delegações por não aceitarem a vitória de Maduro nas eleições de 28 de julho.
A decisão de Maduro vem aumentar a tensão com Luiz Inácio 'Lula' da Silva, que tem repetidamente defendido que o Presidente venezuelano deve publicar os resultados eleitorais que lhe deram a vitória contra o opositor Edmundo González Urrutia, apoiado por uma parte da comunidade internacional.
A Semana com Lusa
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