domingo, 29 junho 2025

A ATUALIDADE

Tarrafal deve ir além das comemorações e entrar nos programas escolares - historiador

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O historiador cabo-verdiano Victor Barros defendeu hoje que o antigo campo de concentração da ditadura portuguesa no Tarrafal, Cabo Verde, deve ir além das comemorações, evocando a libertação dos presos políticos, e entrar nos programas escolares.

 

Coube-lhe hoje ser o primeiro orador do simpósio de dois dias que fecha um programa de comemorações, no Tarrafal, para assinalar os 50 anos da libertação dos presos políticos do campo de concentração - com cerimónias centrais a 01 de maio, com a presença dos quatro países de origem dos presos políticos, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal, os três últimos representados pelos respetivos chefes de Estado.

Em entrevista à Lusa, à margem do simpósio internacional "Memórias e diálogos de resistência do Tarrafal de Santiago", que decorre hoje e sexta-feira no antigo campo, o investigador recomendou "uma maior divulgação", com "programas formais, escolares e uma disseminação mais popular, envolvendo público na construção de ideias" para uma produção narrativa e cultural e "não evocá-lo apenas em datas comemorativas".

Victor Barros disse que estão a ser feitos trabalhos para a preservação da memória do Tarrafal - atual Museu da Resistência -, mas defendeu que ainda "há muito mais para ser concretizado", considerando que essas "políticas de patrimonialização exigem trabalhos permanentes".

"Há sempre a necessidade constante de reatualização para colocarmos na agenda e no debate público processos de preservação e de divulgação" do património e das informações históricas úteis que encerra, referiu.

O historiador, com obra publicada sobre o Tarrafal, classificou as recentes comemorações como "iniciativas necessárias" para "colher lições úteis" para as políticas patrimoniais, ensinamentos educativos, mas também para repensar as dinâmicas da sociedade contemporânea, na esfera social e política.

Victor Barros é doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra com uma tese sobre comemorações, usos públicos da história e memória do império nas colónias durante o Estado Novo Português (1933-1974).

 Coube-lhe hoje ser o primeiro orador do simpósio de dois dias que fecha um programa de comemorações, no Tarrafal, para assinalar os 50 anos da libertação dos presos políticos do campo de concentração - com cerimónias centrais a 01 de maio, com a presença dos quatro países de origem dos presos políticos, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal, os três últimos representados pelos respetivos chefes de Estado.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, inaugurou um auditório e uma "Biblioteca dos Títulos Proibidos", como novas peças do Museu da Resistência, escrevendo no Facebook que "é preciso ficar em paz com a história" e que, para tal, é preciso "contar a história sem a imposição de ideologia oficial ou oficiosa. É contar a história completa de uma nação com mais de cinco séculos e meio de existência". 

Mais de 500 pessoas estiveram presas no "campo da morte lenta", símbolo da opressão e violência da ditadura colonial portuguesa.Trinta e seis pessoas não sobreviveram, a maioria, 32 mortos, eram portugueses que contestavam o regime fascista, presos na primeira fase do campo, entre 1936 e 1956.

O campo reabriu em 1962 com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses.

A libertação de quem se opunha ao Estado Novo aconteceu poucos dias depois de o regime fascista ter sido derrubado com a revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal.

A Semana com Lusa

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