Inocência da Luz, 52 anos, residente em Monte Joana, foi a primeira mulher mestre obra no município da Ribeira Grande, Santo Antão, assegurou a mesma em declarações à Inforpress.
Inocência da Luz, que falava à Inforpress no âmbito do Dia da Mulher Cabo-verdiana, que é celebrado hoje, acrescentou que não se lembra exactamente o ano em que começou a “aventurar” na profissão de mestre de obra.
Entretanto, a mesma fonte recordou que foi convidada pela Cruz Vermelha para participar numa formação de três meses em mestre de obra e “prontamente” aceitou.
“Já na formação eu era a única mulher no meio de vários homens, e isso me incentivava mais a continuar e ter destaque não por ser mulher, mas lutar de igual por igual e mostrar que eu era capaz de estar ali e assimilar tudo que era ensinado”, sublinhou.
Inocência da Luz pontuou que depois que terminou a formação logo foi fazer um estágio numa empresa em Ribeira Grande, só que conforme a mesma não era remunerado e por três meses trabalhou sem ganhar nenhum “tostão”.
Ela tinha todos os motivos para desistir, pois com filhos pequenos para criar, e descer todos os dias de Monte Joana e saber que no final do mês não teria uma remuneração, para Inocência Luz era “desanimador”.
“Poderia desistir, mas não o fiz. Dei o meu melhor, até porque quando entro em qualquer trabalho não aceito de mim mesma se não for o meu melhor. Conquistei o meu lugar e nisso fui contratada”, sublinhou.
Por ter uma profissão na qual a maioria dos trabalhadores são homens, Inocência da Luz afirmou que sempre impos respeito perante os mesmos.
“Quando fui contratada e o meu patrão me alertou do ambiente que iria trabalhar e me deu uma lição que levo para vida que é: temos que dar respeito para receber de volta, porque se fizesse amizade com os trabalhadores mais tarde não poderiam me respeitar então teria que saber colocar cada coisa no seu lugar. Mas, graças a Deus nunca sofri nenhum tipo de preconceito sempre me respeitaram”, disse.
Inocência da Luz lembrou ainda que naquela época em Ribeira Grande era “novidade” ver uma mulher mestre de obra e muitas pessoas iam perguntar como era o trabalho e ficavam a observá-la.
Após alguns anos como mestre de obras, Inocência da Luz disse que por motivos pessoais teve que abandonar a profissão e desde então não voltou.
A mesma fonte apontou que foi uma “experiência incrível” e diz ter saudades desse tempo.
Para as mulheres Inocência Lima deixa uma mensagem que “podem e devem” ser o que quiserem.
O Dia da Mulher Cabo-verdiana é celebrado a 27 de Março tendo em vista a promoção do bem-estar social, económico e cultural da mulher.
A meta maior é a protecção das famílias e da sociedade cabo-verdiana em geral, através da defesa e promoção dos direitos da mulher.
A data coincide com a da fundação da Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) há 43 anos.
A Semana com Inforpress
27 de março 2024
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