Os 15 migrantes da África Ocidental que deram à costa da ilha de São Vicente, Cabo Verde, no início do mês, quando tentavam chegar à Europa, foram repatriados no domingo, disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.
O grupo esteve confinado pelas autoridades aos quartos do centro de estágios do Mindelo, devido à entrada ilegal no país, recebendo tratamento médico e refeições, entre 05 e 15 de março, sexta-feira.
Ao mesmo tempo, estiveram em contacto com familiares.
Na sexta-feira, foram transportados pelas autoridades para a cidade da Praia e deixaram Cabo Verde na madrugada de domingo, por via aérea.
Num comunicado, a Polícia Nacional informou ter concluído “o processo de repatriamento” dos sobreviventes da tentativa de migração: 13 malianos, um senegalês e um mauritaniano, sem acrescentar mais detalhes.
A embarcação na qual seguiam quatro dos membros do grupo encalhou na ilha de São Vicente no dia 03 de março, após cerca de um mês à deriva num barco artesanal (piroga), onde estavam 65 pessoas, que partiram da cidade portuária de Nouadhibou, na Mauritânia.
O motor da embarcação ficou sem gasolina a 200 quilómetros das ilhas Canárias, Espanha, e a corrente arrastou-os até Cabo Verde.
Os outros 11 homens agora repatriados também partiram de Nouadhibou, mas ter-se-ão perdido no mar e, após navegarem durante quatros dias, chegaram à Baía das Gatas, ilha de São Vicente, perguntando se estavam em Espanha.
Em 2023, um total de 39.910 migrantes chegaram irregularmente às Ilhas Canárias após travessias em barcos precários a partir da costa da África Ocidental, um aumento de 155% face a 2022 (15.682 migrantes), segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM).
Também no último ano, houve 47 naufrágios e 958 mortes ou desaparecimentos no registo oficial da designada rota atlântica da África Ocidental, mas os números reais são maiores.
A OIM reconhece que, nos países de origem, há muitas partidas clandestinas, resultando em barcos perdidos no Atlântico, cheios de vítimas invisíveis nas estatísticas.
Além dos dois barcos artesanais que este mês encalharam na ilha de São Vicente, destacam-se outros três casos em Cabo Verde, nos últimos 16 meses.
Em novembro de 2022, uma embarcação com 66 imigrantes senegaleses deu à costa, na ilha do Sal.
Em janeiro de 2023, uma piroga chegou à ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, dois deles mortos.
Um barco que partiu do Senegal em julho de 2023, com 101 pessoas, foi encontrado à deriva junto à ilha do Sal, Cabo Verde, em agosto, com 38 sobreviventes, assistidos e repatriados.
A Semana com Lusa
20 de março 2024
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