Influenciadores e investidores brasileiros estarão presentes na abertura, a 05 de maio, do novo parque tecnológico de Cabo Verde de forma a apoiarem a “explosão tecnológica” do país africano, disse à Lusa na segunda-feira o Governo cabo-verdiano.
“Vamos ter uma explosão tecnológica em Cabo Verde”, afirmou à Lusa, com entusiasmo, o secretário de Estado para a Inovação e Formação Profissional de Cabo Verde, Pedro Fernandes Lopes, que lidera uma delegação com 10 pessoas e quatro ‘startups’ do país no Web Summit Rio 2025.
Na Praia e Mindelo, as inaugurações oficias acontecem dias 05 e 06 de maio, com o responsável cabo-verdiano a enfatizar que este espaço tem tudo para ser um marco importante na projeção internacional do país enquanto plataforma tecnológica.
“Vamos levar 'tech influencers' e não são apenas 'influencers' de visibilidade Instagram. São pessoas que são homens e mulheres de negócios aí no Brasil e que vão estar presentes na abertura do nosso parque tecnológico”, disse, acrescentando que estarão ainda presentes figuras de destaque do setor, como diretores executivos da Intel, Microsoft e o Presidente do Banco Africano para “mostrar ao mundo a ambição de Cabo Verde de se tornar um banco de tecnologia”.
“Vamos ter o Brasil também presente em Cabo Verde neste esforço que nós andamos a fazer (…) como a Mónica Hevel, que é apresentadora do Shark Tank Brasil (…) e a Lisiane Lemos também”, anunciou.
Para o futuro, estão previstos eventos conjuntos entre ‘startups’ brasileiras e cabo-verdianas, com o Parque como palco de intercâmbio e inovação.
O Parque Tecnológico de Cabo Verde, para já em fase de teste, já acolhe mais de 300 pessoas de 10 nacionalidades, com várias ‘startups’ e empresas tecnológicas a operar no espaço.
O objetivo é claro: posicionar Cabo Verde como um ‘hub’ digital atlântico, capaz de atrair talento e investimento de várias geografias, ligando África, Europa e América Latina.
“Somos um pequeno país atlântico com ligações curtas a quase todos os continentes – América do Sul três horas, Estados Unidos seis a sete horas, Portugal trê horas, continente africano um hora”, enfatizou Pedro Fernandes Lopes.
O governante participou em todas as três edições da Web Summit no Rio de Janeiro para, disse, demonstrar ao gigante sul-americano as capacidades que Cabo Verde tem em tornar-se numa ponte do Brasil para a Europa e África.
“Partilhamos a mesma língua, partilhamos a mesma cultura (…) Cabo Verde foi quase a ‘startup’ do Brasil”, resumiu assim o secretário cabo-verdiano.
Na segunda-feira, o responsável cabo-verdiano participou de uma reunião bilateral com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos e no domingo assinou um memorando com a Câmara de Comércio Portuguesa do Rio de Janeiro, que prevê missões empresariais a Cabo Verde e a criação de um circuito de colaboração empresarial luso-brasileiro-africano.
As obras do' Techpark', edificado na zona de Achada Grande Frente, nas imediações do Aeroporto Internacional da Praia, arrancaram em 2017 e o investimento enquadra-se na Estratégia Digital de Cabo Verde
A infraestrutura inclui um centro de dados, espaços de formação e área de incubação de projetos, entre outras valências, estimando as autoridades que possa gerar até 1.500 postos de trabalho.
A Semana com Lusa
Explosão Tecnológica ou Pirotecnia de Vaidades ?
Mais um desfile de ilusões embaladas em discursos de plástico e promessas recicladas. Estamos a falar de um parque tecnológico cuja construção já derrapou financeiramente mais de 15 milhões de dólares, um escândalo abafado por estatísticas de papel e rankings de conveniência. Cabo Verde perdeu, há mais de dez anos, uma oportunidade soberana e irrepetível de se posicionar como plataforma africana para a internacionaliz ação tecnológica – e preferiu ficar a bater palmas para si próprio nos salões de conferências europeus, em vez de fazer negócios sérios.Hoje, pavoneiam-se com os mesmos chavões de sempre: "hub digital atlântico", "ligação entre continentes", "explosão tecnológica"... Mas onde estão os contratos? Onde está a exportação real de serviços digitais? Onde está a massa crítica local a ganhar escala?
Pior ainda é o teatro diplomático encenado por esta elite governativa que só liga à Europa e América Latina, com o secretário de Estado a desfilar de Web Summit em Web Summit, sempre em países de brancos — enquanto para o continente africano, mandam o coitado e completamente inapto do DGTED, como se África fosse apenas o depósito dos que não têm lugar nos camarotes de luxo.
É este o modelo de desenvolvimento que vendem: estatísticas para agradar doadores e selfies com "tech influencers" para o Instagram. Falta é estratégia, compromisso com o ecossistema nacional e, sobretudo, visão africana.
Terms & Conditions
Report
My comments