A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, defendeu hoje que a Rússia apresentou condições para um cessar-fogo que demonstram desinteresse em acabar com a guerra.
“As condições que [Moscovo] apresentou demonstram que não quer realmente a paz”, disse Kaja Kallas, à entrada para uma reunião ministerial, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde estão localizadas as principais instituições europeias.
A Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros insistiu que “é uma grande questão percebe se a Rússia quer paz”.
Sem adiantar muito mais sobre o possível acordo para um cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia, mais de três anos depois do início do conflito, a ex-primeira-ministra da Estónia virou as atenções para os “episódios de violência na Síria”.
“São muito preocupantes”, advogou, considerando que a decisão de aliviar ainda mais as restrições contra o país depende da avaliação que os 27 Estados-membros fizerem de como evoluiu a situação político-social do país.
A Semana com Lusa
A Hipocrisia da União Europeia: Atira Pedras e Esconde a Mão
A União Europeia volta a demonstrar a sua duplicidade moral e a sua cegueira estratégica ao criticar as condições da Rússia para um cessar-fogo na Ucrânia, enquanto se mantém refém da narrativa belicista de Kiev e de Washington. A posição da UE é um exemplo clássico de hipocrisia diplomática, em que se condena a guerra com palavras, mas se alimenta o conflito com armas e dinheiro.Quando Kaja Kallas, a nova Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, diz que as condições russas “demonstra m que Moscovo não quer a paz”, o que ela realmente quer dizer é que a UE só aceita negociações se forem nos termos de Kiev e da NATO. Mas que tipo de negociação é essa em que uma das partes tem de aceitar todas as exigências do adversário e sair derrotada?
Desde o início da guerra, a UE rejeitou qualquer proposta de mediação que não passasse por uma capitulação russa.
Ignorou todas as tentativas de diálogo de países como a Turquia e a China, que apresentaram propostas concretas para um cessar-fogo.
Enquanto isso, continua a financiar e armar a Ucrânia, prolongando indefinidamente o conflito.
Se a União Europeia realmente quisesse a paz, estaria a promover conversações diretas e equilibradas em vez de atuar como um mero braço político da estratégia dos EUA.
Outro momento de puro cinismo diplomático na declaração de Kaja Kallas é quando ela menciona a preocupação com a violência na Síria.
Ora, onde estava essa preocupação quando a NATO arruinou a Líbia e o Médio Oriente com a sua intervenção militar?
Onde está essa preocupação com os bombardeamentos israelitas sobre Gaza, que já mataram milhares de civis?
Onde está essa mesma "preocupação" com os golpes militares financiados pelo Ocidente em África?
A UE escolhe selecionar os conflitos que quer condenar e os que prefere ignorar, dependendo do alinhamento geopolítico de cada situação.
Se a União Europeia realmente estivesse interessada na paz, já teria explorado todas as possibilidades diplomáticas para um cessar-fogo justo. Mas a verdade é que a guerra na Ucrânia continua porque interessa à elite política e militar do Ocidente.
Enquanto a UE insistir nesta política de dupla moral, atirando pedras e escondendo a mão, o conflito seguirá sem fim à vista, e a Europa continuará a pagar o preço da sua própria submissão geopolítica.
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