Mais de 20% dos 733.764 passageiros em voos internacionais movimentados pelos quatro aeroportos de Cabo Verde no primeiro semestre foram transportados pela companhia aérea portuguesa TAP, segundo dados da empresa pública cabo-verdiana ASA.
De acordo com dados compilados hoje pela Lusa a partir de um boletim estatístico (janeiro a junho) da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), a transportadora aérea portuguesa liderou nas ligações aos quatro aeroportos internacionais cabo-verdianos entre os voos regulares, apenas ultrapassada, em passageiros embarcados, desembarcados e em trânsito, pela soma das várias operadoras do grupo turístico TUI.
Em seis meses, o movimento de passageiros nos aeroportos de Cabo Verde através da TAP ascendeu a 156.768, pouco mais de 20% do movimento total de 733.764 contabilizado pela ASA naquele período.
A presidente executiva da companhia aérea portuguesa, Christine Ourmières-Widener, visitou Cabo Verde em março último e anunciou na altura a retoma dos voos da TAP para a Boa Vista no mês seguinte, dois anos após a interrupção devido à pandemia, tendo ainda traçado a meta de transportar 250 mil passageiros no arquipélago este ano.
“É um mercado muito importante para nós, não apenas pelo tamanho, mas também pela ligação e comunidades entre Portugal e Cabo Verde. A importância do mercado não é só pelas receitas, mas também pela importância das ligações económicas entre os dois países”, disse Christine Ourmières-Widener.
No Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Praia, a TAP transportou (rota Lisboa) 77.616 dos 130.694 passageiros movimentados (quota de 59,4% do total), aumentando 80% face ao primeiro semestre de 2021, seguida da Azores Airlines, com 14.499 passageiros (quota de 11,1%), enquanto a Cabo Verde Airlines tem apenas uma quota de 6,5%, com 8.522 passageiros (rota Lisboa).
Ainda sobre o aeroporto da capital cabo-verdiana, a ASA destaca os resultados da companhia aérea dos Açores pelo tráfego, via Ponta Delgada, de ligação aos Estados Unidos da América (em Boston reside a maior comunidade cabo-verdiana fora do arquipélago), com “um aumento significativo” nos primeiros seis meses do ano.
“No primeiro semestre de 2022 o aeroporto processou 14.000 passageiros, mais cerca de 8.000 no mercado internacional da Praia face ao período homólogo de 2021. Em 2019 processou para o mesmo destino um total de 9.000 passageiros. Continua a não se registar movimentos de voos comerciais de/para Boston, direto”, refere a boletim.
No Aeroporto Internacional Cesária Évora, ilha de São Vicente, a TAP transportou 33.693 (rota Lisboa) dos 44.595 passageiros movimentados no mesmo período, um aumento homólogo superior a 100% face ao primeiro semestre de 2021 e uma quota total de 73,3%. A Cabo Verde Airlines, que também retomou em 2022 os voos de São Vicente para Lisboa, após a renacionalização há mais de um ano, contou com uma quota de 7,3% dos passageiros movimentados (3.245).
Nas ilhas turísticas do Sal e da Boa Vista, o movimento de passageiros é largamente liderado pelas operadoras aéreas da Alemanha, Países Baixos e Bélgica do grupo turístico TUI.
O Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, no Sal, movimentou em seis meses 381.584 passageiros, tendo a transportadora aérea portuguesa TAP uma quota de 11,1% do total, com 32.170 passageiros ali embarcados e desembarcados, um aumento homólogo superior a 100% segundo a ASA.
No Aeroporto Internacional Aristides Pereira, ilha da Boa Vista, a TAP contou apenas com uma quota de 2,4% (só voou no segundo trimestre), movimentando 4.289 dos 176.891 passageiros que ali embarcaram e desembarcaram nos primeiros seis meses de 2022.
Globalmente, a rota para Lisboa foi a mais movimentada nos aeroportos da Praia (86.632 passageiros embarcados e desembarcados), de São Vicente (35.945 passageiros) e do Sal (51.332 passageiros), enquanto na Boa Vista liderou a rota de e para Manchester (Inglaterra), pela operadora turística TUI (32.612 passageiros).
Ainda sobre Cabo Verde, Christine Ourmières-Widener, que se reuniu em 10 de março com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, explicou que o mercado do arquipélago tem um peso inferior a 1% do total de receitas da TAP, mas prevê que o nível de passageiros a transportar seja “um pouco melhor” em 2022, subindo para mais de 250 mil.
Acrescentou que, “ouvindo” os apelos locais, a TAP pretendia “aumentar significativamente” a oferta de lugares para Cabo Verde a partir do Verão.
Os voos da TAP para a Praia praticamente não chegaram a ser suspensos durante a pandemia de covid-19, tendo a companhia aérea portuguesa retomado progressivamente os voos para as ilhas de São Vicente e do Sal, esses afetados pela pandemia, e já este ano para a Boa Vista.
Para a administradora, a TAP “tem provado a dedicação e compromisso que tem com Cabo Verde”, apesar das constantes críticas de passageiros do arquipélago, sobretudo dos preços praticados.
“Primeiro porque foi a única companhia aérea que não parou a operação durante a crise [da pandemia de covid-19, para Cabo Verde]. Acho que é uma prova significativa do nosso compromisso com o país”, concluiu.
A Semana com Lusa
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