O presidente da Cooperativa dos Pescadores, Peixeiras e Armadores de Santiago Norte (Coopesca) reafirmou esta terça-feira que o acordo de pesca entre Cabo Verde e União Europeia (UE) nunca beneficiou nem os pescadores e nem o sector em si.

José Rui de Oliveira, que é também presidente da Associação dos Pescadores e Peixeiras de Ribeira da Barca (APPRB), em Santa Catarina (Santiago), falava em declarações à Inforpress a propósito do Dia Nacional do Pescador, assinalado anualmente a 05 de Fevereiro.

“Este acordo foi aprovado desde os anos 90 e vem sendo renovado pelos sucessivos governos, mas nunca beneficiou nem pescadores, nem peixeiras, nem armadores e nem o sector da pesca em si. Tendo em conta que o recurso advém do mar, entendo que o primeiro agente que deve beneficiar com este acordo tem de ser os pescadores e o sector das pescas”, lamentou.

É que, segundo ele, muitas vezes a renda desse acordo é canalizada em projectos e actividades que não têm nada a ver com a pesca.

“Gostaríamos que o Governo revisse esta parte e que a renda dada pela União Europeia, no âmbito deste acordo fosse canalizado em primeiro lugar para o sector das pescas para o benefício dos homens do mar”, apelou José Rui de Oliveira.

Para sustentar as suas afirmações, notou que se esta renda fosse destinada para o sector das pescas, por exemplo, em Ribeira da Barca, cerca de 40% das embarcações não estariam sem motor de popa.

Outrossim, disse que aquela comunidade piscatória já teria um cais de pesca, arrastadouros de bote e que a Unidade de Transformação e Agregação do Valor do Pescado (UTAV), inaugurada em 2012, estaria reactivada e em pleno funcionamento beneficiando pescadores, peixeiras e a comunidade local.

O acordo de pesca aprovado terça-feira pela Comissão das Pescas do Parlamento Europeu, permite que 56 navios de pesca de Portugal, Espanha e França acedam às águas de Cabo Verde para pesca de 7.000 toneladas de atum e espécies associados.

Na ocasião, Oliveira voltou a apelar à “intervenção urgente” do Governo, no sentido de apetrechar todas as comunidades piscatórias de postos de venda de combustíveis e pediu ainda que se retire a taxa de estradas cobrada na compra dos combustíveis por parte dos pescadores.

Em Santiago Norte, os quatro municípios que têm a pesca como actividade económica, nomeadamente Tarrafal, Santa Catarina, São Miguel e Santa Cruz vão comemorar o Dia Nacional do Pescador com várias actividades dedicadas aos homens do mar.

A Semana com Inforpress