A presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), Nélida Sanches, afirmou hoje que Cabo Verde tem capacidade "para formar “médicos capacitados e de excelência”, apesar de “algumas dificuldades” próprias do país.
“Apesar de ser um curso novo no país, penso que muitas pessoas têm um certo preconceito ou uma repugnância quando o assunto é médicos formados em Cabo Verde. Já tivemos provas suficientes de que os médicos já implementados no Sistema Nacional de Saúde têm, sim, capacidade de dar uma resposta de qualidade”, reforçou Nélida Sanches, em entrevista à Inforpress.
A nível dos recursos técnicos e humanos relativamente à saúde, acrescentou que o sistema de saúde em geral tem as suas limitações, e que Cabo Verde não fica de fora, mas que mesmo assim o país tem capacidade para formar “médicos de excelência”.
“As próprias condições do país pode ser que, muitas vezes, não sejam favoráveis, mas nós temos aquilo que é o básico para um curso”, reforçou, indicando que é sempre “bom e necessário” investir na melhoria.
Neste particular, apelou a mais investimentos a nível de materiais, de formação e capacitação, sublinhando que esses investimentos devem ser feitos no sentido de fornecer apoio que levem ao eventual e futuramente autonomia deste curso.
“É preciso um maior investimento por parte de todas as autoridades médicas, políticas que envolvam a saúde e a educação, investir também na formação médica, investir em formadores, investir em materiais de apoio que potencializam a educação médica em Cabo Verde”, acrescentou.
Nélida Sanches apontou que uma das principais preocupações dos estudantes deste curso no país prende-se com a questão do diploma não ser reconhecido internacionalmente.
“Nós começamos o curso, em parceria com a Universidade de Coimbra [Portugal], entretanto, no final, para os que desejam ir para os países europeus para completar a formação, é necessário passar pelo processo de equivalência”, afirmou.
“Esse processo de equivalência dura mais ou menos um ano e meio e isso tem sido um constrangimento, na medida em que nós temos que passar por todo esse processo a falar de um curso que já é relativamente longo”, indicou Nélida Sanchez.
Para ultrapassar estes obstáculos, a mesma fonte sugeriu um conjunto de medidas que facilitaria os estudantes neste processo, entre as quais a implementação de acordos para a validação automática dos diplomas ou criar mecanismos para acelerar o processo de validação dos diplomas, reduzindo o tempo de espera, que actualmente "limita o início ao processo de especialização".
Celeridade nos processos de certificação, que permite melhorar a eficiência na concessão de documentos e ainda que certificam a conclusão do curso, garantindo que os graduados possam iniciar a sua carreira sem atrasos desnecessários, destacou como outra sugestão de melhoria.
Propôs ainda a antecipação do período de início do estágio curricular, de forma a terem, até à data limite, toda a documentação necessária para dar início ao processo de equivalência do diploma.
E por fim, a criação de programas de especialização específica e investir em especialistas seria uma “resposta eficaz” para reter talentos no país e reduzir a emigração motivada pela falta de oportunidades, conforme a mesma fonte.
Além disso, acrescentou, permitiria uma “maior resposta” às exigências de sectores críticos, e consequentemente o desenvolvimento do sistema e melhoria de marcadores em saúde no país.
Neste momento avançou que das três turmas formadas, o país já conta 51 médicos, sendo que 23 estão a prestar serviços em várias estruturas de saúde em Cabo Verde, enquanto que os outros 26 estão fora do país.
Para ingressar neste curso, com duração de seis anos, disse que é necessária uma prova de acesso, que pode ser na área da Biologia ou em Química, e que, de acordo com as vagas disponibilizadas, as melhores notas ocupam estas posições.
A Semana com Inforpress
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