domingo, 10 novembro 2024

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Aulas decorrem, apesar da greve de professores em Cabo Verde

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 No primeiro dia de greve de professores em Cabo Verde, as aulas decorrem, com alguns professores à porta de escolas da capital, em protesto contra as alterações à carreira propostas pelo Governo, constatou esta quinta-feira a Lusa.

Nem o Ministério da Educação nem os sindicatos divulgaram números da adesão à paralisação de dois dias.

Neusa Sanches, docente e representante dos professores no Liceu Domingos Ramos, no Plateau, centro histórico da cidade, juntou-se a 12 colegas, alguns trajados de preto, e iniciaram o dia em frente ao edifício para “mostrar insatisfação".

Sem números, reconheceu, em declarações à Lusa, que a adesão não é unânime e a escola está aberta, com aulas a decorrer.

Na Escola Regina Silva, na zona de Achadinha, uma aluna do 10.º ano de escolaridade contou que muitos alunos não apareceram: "Na minha sala havia apenas 10 colegas, muitos disseram ontem que, por causa da greve, não vinham", apontou.

Uma outra aluna do 11.º ano confirmou o cenário: "Na nossa turma tivemos aulas normalmente e muitos alunos não vieram", mais de metade, disse.

Lorena Gomes, professora há 22 anos na Escola Secundária Pedro Gomes, no bairro da Achada Santo António e em representação dos colegas daquele estabelecimento de ensino, descreveu a adesão como "muito fraca", dizendo que muitos docentes temem represálias.

"Muita coisa aconteceu na primeira greve, em novembro de 2023, justificou, numa alusão a pressões e “desmotivação”, por causa da “insistência radical do Governo" no novo plano de carreiras.

Jorge Cardoso, presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), falou também de um ambiente de "pressão enorme, de intimidação", numa altura em que “muitos professores estão a receber horários”, por ser a semana de arranque do ano letivo. 

Participando na greve, podem ser prejudicados na distribuição desses horários", acrescentou, reiterando queixas de falta de diálogo: o Governo "está a mostrar ser mais radical que todos os que Cabo Verde já teve desde a abertura política".

O dirigente sindical disse também não ter dados sobre a adesão, referindo que “muitos professores optaram pela ausência, não comparecerem nas escolas, mas outros estão a lecionar de forma normal".

A Lusa contactou o Ministério da Educação, que remeteu declarações para mais tarde.

Abraão Borges, presidente do Sindicato de Professores da Ilha de Santiago (Siprofis), juntou-se ao Sindicato Democrático de Professores (Sindprof)  e Sindep, reunindo cerca de 35 professores em frente à Escola Secundária Abílio Duarte, no bairro do Palmarejo.

Admitiu que a greve de dois dias até pode ser cancelada, caso o Governo apresente um despacho a definir “o subsídio por não-redução de carga horária, conforme prometeu”.

Mas essa é apenas uma das reivindicações: "Nós queremos que [o Governo] se sente à mesa, que se discuta um estatuto", apontou o sindicalista, avançando que está a ser preparada uma manifestação nacional para o Dia Mundial do Professor, a 05 de outubro.

Em causa está a equiparação da classe, em vários aspetos, à administração pública, com um Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR), ao passo que os sindicatos reclamam a manutenção de um estatuto da classe docente, tal como acontece com outras profissões, como os médicos.

Na cerimónia de arranque do ano letivo, na segunda-feira, o primeiro-ministro de Cabo Verde recordou as inúmeras rondas negociais realizadas e pediu aos sindicatos que tenham uma "noção dos limites" da despesa pública.

Em agosto, o Presidente da República, José Maria Neves, vetou a proposta de PCFR, mas o Governo já anunciou que a vai submeter novamente à Assembleia Nacional, onde a bancada do Movimento pela Democracia (MpD, no poder) tem maioria.

O Sindprof admite tentar recorrer ao Tribunal Constitucional, caso a proposta de lei passe sem apoio do resto do parlamento.

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

António
7 hours 39 minutes

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
8 days 6 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

D. G. WOLF
14 days 7 hours

Todos querem pôr-se em bicos de pés. Todos, todos, todos.

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