Os 102 anos da elevação de São Filipe à categoria de cidade vão ser assinalados hoje, 12 de Julho, com uma sessão solene especial da Assembleia Municipal.
O presidente da Assembleia Municipal, Luís Nunes, disse que a sessão solene vai contar com as intervenções dos líderes das duas forças políticas com representação neste órgão autárquico, PAICV (situação) e MpD (oposição) e dos presidentes da assembleia e da câmara municipais.
À semelhança da sessão solene do ano passado, as forças políticas vão fazer uma radiografia da cidade e do próprio município.
São Filipe, que ascendeu a cidade a 12 de Julho de 1922, é o segundo aglomerado populacional mais antigo de Cabo Verde, depois da ruína da Ribeira Grande, actual Cidade Velha, na ilha de Santiago.
A sua fundação e povoamento aconteceu um quarto de século após o “achamento” de Cabo Verde pelos portugueses, em 1460/62, segundo registo histórico e é o primeiro e principal centro urbano da ilha.
O seu povoamento começou antes de 1493 e em 1572 tinha cerca de 200 fogos (casas) e aproximadamente duas mil pessoas.
No dia 12 de Julho de 1922, a então Vila, “Bila” como continua a ser tratada por muitos dos seus habitantes, ganhou estatuto de cidade, graças à influência política de um dos seus filhos, Abílio de Macedo.
O diploma legal número 2 de 12 de Julho aprovado pelo Conselho Legislativo Colonial e que elevava a vila de São Filipe à categoria de cidade foi publicado no Boletim Oficial Nº 28 de 1922 e apontou um conjunto de razões.
O facto desta urbe “depois de ter jazido longos anos no mais censurável esquecimento, tem sido contemplado nestes últimos tempos com algumas obras”, nomeadamente a igreja de Nossa Senhora da Conceição que, nesta altura (12 de Julho de 1922), apenas faltavam pequenos trabalhos de acabamentos, a Alfandega no porto da Luz e alguns lanços de estradas, foram as razões determinantes.
O documento de base que determinou a atribuição do estatuto de cidade à então vila apontava ainda que “a dinâmica natural tinha ganhado um certo ritmo, pois, só assim se compreende que poucas dezenas de anos depois, a Vila tenha sido elevada a cidade, dado o lugar que ocupava entre as restantes vilas da província”.
“As nobilíssimas tradições que a história regista como o gesto sublime de grandeza e patriotismo pela sua atitude altiva contra o domínio de Espanha (…), a avultada riqueza comercial e agrícola (…), os importantes melhoramentos e notórias modificações, por que tem passado, atestam na fisionomia social da sua população o louvável desejo de engrandecer e progredir” constava dos argumentos para a sua ascensão à cidade, segundo o próprio documento.
Um “apreciável grau de instrução” da população, sendo “insignificante” o número de analfabetos e o rendimento com que concorria para os cofres da província foram outras das razões que ditaram a elevação da Vila (Bila) de São Filipe à cidade.
No entanto, só na primeira metade do século passado iniciou-se o melhoramento urbano com calcetamento das ruas, melhoria das praças, ajardinamento, construção do hospital, abastecimento de água e electricidade, construção da pequena estrada do porto de Fonte Vila e os primeiros carros.
O conjunto histórico-patrimonial de São Filipe faz parte da lista indicativa da Unesco juntamente com mais sete sítios a nível nacional.
A Semana com Inforpress
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