sexta-feira, 14 março 2025

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Investigadores de todo o mundo consultam arquivo de Amílcar Cabral na Fundação Mário Soares

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O arquivo de Amílcar Cabral, na Fundação Mário Soares e Maria Barroso (FMSMB), em Lisboa, é um dos mais consultados por investigadores de todo o mundo que produzem “investigação de ponta” sobre este líder africano, segundo o diretor-executivo da instituição.

 

Filipe Guimarães da Silva sublinhou que, entre os 150 arquivos disponibilizados na plataforma Casa Comum, à qual se pode aceder no site da FMSMB, o de Amílcar Cabral é dos mais procurados e contou que este espólio estava em Bissau “em risco de perda e destruição”.

 

 

São mais de 10.000 documentos, entre cartas escritas pelo “pai” da independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, enquanto secretário-geral do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mas também correspondência com outros líderes nacionalistas africanos e até com o Governo português anterior à independência, como explicou à Lusa Filipe Guimarães da Silva.

Temos percebido um acréscimo de interesse sobre Amílcar Cabral, sobretudo a partir de jovens investigadores, não apenas residentes em Portugal, ou de nacionalidade portuguesa, mas por todo o mundo, não apenas de África”, disse.

“A documentação é simultaneamente política, militar e diplomática e, portanto, também através dessa comunicação, conseguimos perceber a evolução das lutas de libertação na Guiné, mas também noutros contextos territoriais onde Portugal esteve envolvido”, disse.

Os documentos incluem ainda o período anterior à liderança do PAIGC, como “a sua passagem em Portugal, dos seus estudos na área da agronomia, os seus escritos – os famosos escritos de Cabral”, prosseguiu.

Filipe Guimarães da Silva sublinhou que, entre os 150 arquivos disponibilizados na plataforma Casa Comum, à qual se pode aceder no site da FMSMB, o de Amílcar Cabral é dos mais procurados e contou que este espólio estava em Bissau “em risco de perda e destruição”.

“O espólio de Amílcar Cabral estava em Bissau e, portanto, foi por desafio das autoridades guineenses que a Fundação se veio a vincular e a associar ao projeto de salvaguarda e resgate documental de uma documentação que estava em risco de perda e destruição, uma vez que a Guiné atravessava períodos conturbados da sua história”, disse, referindo-se ao período da guerra civil entre 1998 e 1999.

E acrescentou que, em agosto de 1999, por “uma forte influência” de autoridades guineenses, a Fundação aceitou envolver-se e foi com uma equipa, com o então diretor do arquivo, Alfredo Caldeira, a Bissau para “procurar, organizar e também salvaguardar estes documentos”.

A fundação teve o apoio de uma das filhas do líder histórico, Iva Cabral, “que até então estava a ocupar-se da organização, também do ponto de vista intelectual, da documentação de Cabral, que esteve dispersa por vários sítios e acabou por ser reunida em Bissau, nas instalações do PAIGC”.

"A transferência física, que se operou em 1999, dos documentos de Amílcar Cabral para a Fundação foi decidida, não pela Fundação, mas pelas entidades que detinham esse espólio, esses documentos, porque entendiam que em Portugal se reunia, na altura, condições de preservação e segurança dos documentos que não eram possíveis na Guiné”, esclareceu.

Esta documentação, “que é múltipla, vasta - está reunida fisicamente aqui na Fundação, por decisão das autoridades guineenses, e está disponibilizada também na Casa Comum, sendo que existem várias cópias digitais partilhadas com as entidades detentoras deste arquivo Amílcar Cabral”, adiantou.

O conteúdo das 80 pastas que albergam estes documentos de Cabral, e que incluem, além de cartas e documentos manuscritos, livros e fotografias, foi digitalizado e pode hoje ser consultado por “qualquer pessoa, sendo um investigador, um pesquisador especializado ou um qualquer cidadão”.

A Fundação partilha, em várias bases de dados, “as cópias digitais deste arquivo e das digitalizações que foram feitas, por orientação expressa” do ex-Presidente Mário Soares, “que sempre teve a preocupação de haver uma colaboração, e uma colaboração pressupõe uma partilha generosa daquilo que a Fundação, também de forma solidária, foi desenvolvendo”.

Partindo desta documentação, Filipe Guimarães da Silva refere-se ao pensamento de Amílcar Cabral como “humanista”. “A intemporalidade destes valores é o que permite que Cabral, 50 anos após a sua morte, seja recordado e ainda há muito Cabral para descobrir, do ponto de vista da sua memória documental”.

A FMSMB vai assinalar o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que se comemora em setembro deste ano, com uma forte aposta na internacionalização do seu arquivo, para que possa ser ainda mais consultado, e com um ciclo de conferências.

Também este ano se assinala, em dezembro, o centenário do nascimento de Mário Soares.

A Semana com Lusa 

 

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Opiniões e Feedback

Mindoca
15 hours 31 minutes

O que esse homem quer é fazer prova de vida. É que ele parece que está vivo, mas não está. Nem agora nem quando ele foi ...

Terra
21 hours 12 minutes

Deve ser fiscalizado antes de sair de Cabo Verde tb o dinheiro de contracto deve ser investido nos coitados de Cabo Verde nao ...

liberdade
1 day 21 hours

Mesmo complicado se ha verdade adiver essas brucracia pela mor de Deus?

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