sexta-feira, 15 novembro 2024

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25 Abril: 50 anos depois, combatentes cabo-verdianos procuram ponte para a juventude

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A Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP) de Cabo Verde alterou os estatutos há dois meses para passar a incluir sócios que não tenham estado na frente de libertação.

“Alterámos os estatutos da associação para admitir, não só combatentes, mas também pessoas que se identifiquem com os seus princípios e ideais”, sabendo que “há muitos jovens” alinhados por esses valores, disse à Lusa o presidente da ACOLP, Álvaro Tavares.

A estratégia é dar continuidade à associação, à medida que os combatentes de há 50 anos vão dando lugar a uma nova geração, permitindo que a história continue viva, mesmo que daqui a outros 50 anos já seja difícil ter testemunhos diretos de quem lutou pela liberdade.

Dos cerca de 200 combatentes cabo-verdianos que combaterem na Guiné ou estiveram na clandestinidade, nas ilhas ou na diáspora, há 80 que continuam ativos nas atividades da associação, refere o presidente da ACOLP.

Mas Álvaro Tavares considera que faltam espaços para a juventude cabo-verdiana se expressar e pensa que a associação pode assim atingir dois objetivos: ser esse local de emancipação e, ao mesmo tempo, rejuvenescer-se.

A associação defende os valores da independência e patriotismo, como herança de Amílcar Cabral, algo que não é consensual na discussão identitária de Cabo Verde, reconhece Álvaro, mas que também por essa via encontra mais uma razão para procurar revigorar a ACOLP.

Receia que se possa “reescrever a história” numa discussão multifacetada e recorrente no arquipélago.

“Nós temos um problema de identidade: ainda há dias surgiu uma discussão por causa de um livro, se calhar uma discussão própria de uma sociedade mestiça”, referiu, aludindo à entrevista do antropólogo Manuel Brito-Semedo à Lusa, em que afirmou que as ilhas cabo-verdianas não são africanas e que a sua viragem é "toda para a Europa".

Do lado da ACOLP, garante: é inegociável a posição de “Amílcar Cabral como pai da nacionalidade cabo-verdiana”.

Sobre a memória, diz que é preciso “muito diálogo com a juventude” e “registo de testemunhos” de quem combateu pela liberdade, considerando que os mais novos estão sedentos de saber mais sobre a luta pela independência, a avaliar pela maneira como é abordado cada vez que vai a uma escola.

“Quando se deu o 25 de Abril, eu estava na Guiné, no mato”, onde, com 24 anos, tratou do transporte de armas e munições de Conacri para a fronteira sul da então Guiné Portuguesa, defendendo depois (na mesma zona) a conquista de Guiledje, para que a posição não fosse recuperada pelas tropas do regime.

“Não tínhamos rádio, só ouvimos dizer que houve um movimento em Portugal, mas nem sabíamos qual era a dimensão. Só, depois, fomos, a pouco e pouco, tomando conhecimento”, recorda.

Nos dias seguintes, “começou a haver uma aproximação entre a tropa colonial e [a tropa] do PAIGC [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde]. Começaram a encontrar-se, a festejar e a direção do PAIGC teve de chamar a atenção” para tais convívios.

“As coisas não estavam definidas e não se sabia o que é que dali ia dar. Teve de se chamar a atenção para evitar esses encontros de confraternização”, recorda Álvaro Tavares, que desses momentos fixou na memória “a vontade da tropa colonial em acabar com a guerra”.

Hoje, aos 74 anos, olha para a democracia como “uma luta constante, assente na necessidade de aperfeiçoamento, como acontece com o 25 de Abril” que classifica como uma “referência de luta pela liberdade e pela democracia”.

A ACOLP tem em atividade um grupo de reflexão que está a procurar pontes com a juventude e toda a sociedade, para perceber como é que a associação “pode ser útil” no arquipélago e na diáspora.

“Não é só zelar pelos interesses dos combatentes: temos de zelar também pelos interesses da sociedade, sobretudo dos jovens”, conclui Álvaro Tavares, com Cabral em mente, sobretudo neste ano em que se celebra o centenário do seu nascimento.

A Semana com Lusa

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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
2 days 15 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
4 days 14 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
12 days 13 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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