O bispo da Diocese do Mindelo chamou atenção esta quinta-feira para aquilo que denominou de “aproveitamento” do significado da Páscoa para se realizar eventos como festas e festivais que “desrespeitam” o culto dos religiosos.
“Ao longo de todo o ano, não só de agora, tem havido aquilo a que chamaria de um aproveitamento e com a anuência e a aprovação de quem não devia, das autoridades, dos poderes locais. Não se pode autorizar tudo”, defendeu Dom Ildo Fortes.
Dom Ildo Fortes teceu as declarações à imprensa, antes de presidir à missa de “Celebração da Ceia do Senhor”, na Pró-catedral de São Vicente, e que incluiu a comemoração da Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e Rito do Lava-pés.
Para o prelado, há tempo para tudo, inclusive para os religiosos celebrarem as suas festividades, entre estas a Semana Santa, que tem sido “aproveitada” para outros fins.
“Ao longo de todo o ano, não só de agora, tem havido aquilo a que chamaria de um aproveitamento e com a anuência e a aprovação de quem não devia, das autoridades, dos poderes locais. Não se pode autorizar tudo”, defendeu Dom Ildo Fortes.
Segundo a mesma fonte, quando se está “num momento sagrado” não deveria ser autorizado fazerem-se festas e festivais, por uma “questão de respeito”.
O bispo garantiu não ser contra as pessoas realizarem festas, mas, que “isto não seja prejudicando o bom funcionamento do culto das pessoas”.
Até porque, sustentou, a Constituição da República de Cabo Verde é “bem clara” quanto à liberdade das pessoas exercerem o seu culto e, assim, devem ser criadas condições para isso.
Dom Ildo Fortes referiu-se ao caso concreto de Tarrafal de Monte Trigo, em Santo Antão, onde estavam programadas diversas actividades culturais profanas para este final de semana, mas, agora algumas já não devem acontecer.
Entre as razões para o cancelamento, foi o facto de ter sido desmentido que as actividades estavam a ser programadas pela igreja e pela câmara municipal e houve algum entendimento entre os organizadores e um pároco da localidade, que inicialmente tinha recusado celebrar missa devido à "falta de condições”.
“Deve ser assim. Nós vivemos numa sociedade onde tem de haver diálogo, tem que haver compreensão e respeito e, às vezes, não se faz isso”, considerou o bispo da Diocese do Mindelo, que espera que agora as coisas em Tarrafal de Monte Trigo “tomem um rumo diferente”.
Mesmo assim, lamentou o facto de "não se respeitar a igreja" como todas as outras instituições.
Quanto à celebração religiosa do momento, almejou que a Páscoa possa ser um momento de se converter ao jeito e modo de ser de Jesus, que é dar a vida.“E o mundo nunca se endireitará enquanto não aprendermos este caminho, não há outro”, enalteceu, adiantando que este modo de ser deve ser visto na relação com os outros e mesmo na política, numa óptica de “servir e não servir-se”.
A Diocese do Mindelo, que assinala a quadra pascal desde o Domingo de Ramos, no dia 24 de Março, tem ainda várias actividades programadas para este final de semana.
Na sexta-feira, 29, acontece a “Celebração da paixão do Senhor”, com momentos de Liturgia da Palavra, Adoração da cruz e Sagrada Comunhão.
Para o sábado, 30, haverá a vigília pascal e baptismo de adultos.
Como ponto alto, está agendada para o Domingo de Páscoa, a missa de “Celebração da ressurreição do Senhor”, que acontece na Pró-catedral, da Paróquia de São Vicente, e presidida pelo bispo Dom Ildo Fortes.
A Semana com Inforpress
29 de março 2024
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