sexta-feira, 20 junho 2025

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Guterres alerta que dois terços dos pobres do mundo poderão viver em áreas afetadas por conflitos até 2030

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou esta quinta-feira que, se as tendências atuais se mantiverem, dois terços dos pobres do mundo viverão em países afetados por conflitos ou em situação de fragilidade até 2030.

Num debate do Conselho de Segurança da ONU sob o tema "Pobreza, Subdesenvolvimento e Conflito", Guterres frisou que quanto mais distante um país estiver de um desenvolvimento sustentável e inclusivo, mais próximo estará da instabilidade e do conflito.

"Quando as pessoas têm oportunidades negadas, quando os direitos humanos são violados e a impunidade persiste, quando o crime e a corrupção prosperam, quando o caos climático desloca e desestabiliza, quando o terrorismo encontra terreno fértil em instituições fracas — a paz pode rapidamente tornar-se um sonho distante", observou.

"Não é por acaso que nove dos dez países com os Indicadores de Desenvolvimento Humano mais baixos se encontram atualmente em estado de conflito", destacou ainda o líder da ONU.

Neste momento, 40% dos 700 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, encontram-se em ambientes frágeis ou afetados por conflitos, segundo as Nações Unidas, com Guterres a alertar que a situação está a piorar.

Os conflitos estão a proliferar e a prolongar-se por mais tempo, deslocando mais de 120 milhões de pessoas das suas casas — um número sem precedentes de indivíduos com vidas e futuros interrompidos, disse o secretário-geral.

"A pobreza gera desespero. O desespero alimenta a agitação. E a agitação destrói o tecido das sociedades — alimentando a desconfiança, o medo e a violência", refletiu António Guterres.

O ex-primeiro-ministro português denunciou igualmente que, enquanto a economia global desacelera, as tensões comerciais aumentam e os orçamentos de ajuda são cortados, os gastos militares ao redor do mundo estão a disparar.

Ao defender o investimento em desenvolvimento para evitar instabilidade e conflitos, Guterres reforçou que o mundo está a enfrentar uma emergência de desenvolvimento após décadas de progresso e que dois terços das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ainda não foram alcançados.

"A paz não se constrói em salas de conferências. A paz constrói-se nas salas de aula, nas clínicas, nas comunidades. A paz constrói-se quando as pessoas têm esperança, oportunidade e uma aposta no seu futuro. Investir no desenvolvimento hoje significa investir num amanhã mais tranquilo", garantiu.

Os alertas de Guterres surgem num momento em que a própria ONU enfrenta uma grave crise financeira, que se agravou com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, que por sua vez ordenou cortes na ajuda internacional, afetando diretamente a estrutura das Nações Unidas.

Por exemplo, a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), afetada por cortes do financiamento norte-americano e outros doadores, anunciou na segunda-feira que vai eliminar 3.500 postos de trabalho e reduzir custos com pessoal em cerca de 30%.

No debate desta quinta-feira, convocado pela Guiana - país que preside este mês ao Conselho de Segurança -, a diretora regional para Ásia e Pacífico do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) frisou que "não é acidental", nem "coincidência" que o desenvolvimento humano global tenha estagnado enquanto os conflitos violentos atingiram níveis que não se viam há oito décadas.

De Gaza a Myanmar, do Sudão ao Afeganistão, é evidente que o conflito afeta rapidamente o Produto Interno Bruto e gera pobreza e desespero ainda maiores, sublinhou Kanni Wignaraja.

Em Myanmar [antiga Birmânia], por exemplo, a análise do PNUD mostra que a pobreza urbana na cidade de Yangon aumentou de 10% para 43% só nos últimos anos.

Kanni Wignaraja aproveitou para repetir a mensagem vinculada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de que cada 1 dólar (0,87 cêntimos de euro) investido em prevenção pode poupar até 103 dólares (90 euros) em custos crescentes relacionados com conflitos, necessidades humanitárias e perda de produção económica.

Mais de 80 oradores inscreveram-se para participar neste debate do Conselho de Segurança, evidenciando o interesse no assunto.

A Guiana propôs a adoção de uma declaração presidencial sobre as ligações entre pobreza, subdesenvolvimento e segurança. No entanto, não existiu consenso entre os Estados-membros para a adoção desse documento.

 

A Semana com Lusa

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