quarta-feira, 12 março 2025

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São Vicente: Júri com tarefa difícil para decidir vencedor do Carnaval

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O corpo de jurados do Carnaval 2025, em São Vicente, vai ter hoje uma tarefa hercúlea para decidir o grupo vencedor, a julgar pela farta qualidade, cor, brilho e alta performance exibidos pela maioria dos cinco concorrentes.

 

A noite de terça-feira no Mindelo foi apoteótica, provando mais uma vez o porquê de o Carnaval de São Vicente ser um dos maiores espectáculos a céu aberto de Cabo Verde. 

O grupo Vindos do Oriente teve o condão de iniciar o desfile oficial e foi se inspirar na mitologia grega, trazendo a Deusa Ísis, considerada mãe de todas as mães, para a realidade Cabo-Verdiana.

Com enredo “As filhas de Ísis – berço da vida, suas lutas e conquistas”, o grupo presidido por Dirce Vera-cruz apresentou um tripé que representa um templo de adoração e louvor à Deusa Ísis, uma comissão de frente com 10 bailarinas, numa representação pictória das dez ilhas de Cabo Verde e trajadas com saias de diferentes cores que representam a diversidade cultural, social e humana das ilhas. 

O desfile, visualmente impactante, exaltou a graciosidade e elegância da mulher cabo-verdiana, fez referência à mãe protectora, à mulher que dirige aos filhos, que lutou, venceu barreiras e teve reconhecimento. 

O grupo apresentou um elemento alegórico em forma de salto que enaltece a mulher, quer num contexto de trabalho ou também num contexto de descontração e entretenimento e ainda três andores.

 O primeiro andor retratou a génese e a ancestralidade das mulheres cabo-verdianas, o segundo fez referência ainda à arte e à cultura musical de Cabo Verde, tendo uma homenagem à Diva dos Pés Descalços Cesária Évora e o terceiro fez um tributo às mulheres que deixaram o seu nome marcado na história, como figuras que personificaram a alegria de viver em Cabo Verde casos as falecidas Dona Lili (Lili Freitas) e Cely Fortes, antigas dirigentes do grupo. 

O segundo grupo, foi o Flores do Mindelo, que convidou o público a embarcar-se numa viagem com guerreiros mandingas africanos, partindo da África, berço da humanidade, enfrentando mares tempestuosos e desembarcando-se na Amazónia (Brasil), considerada o pulmão do mundo, onde juntaram-se com índios para expulsar exploradores. 

Foi um desfile em que a agremiação de “Dona Ana” (Ana Soares-presidente) voltou a fazer uma ponte de ligação entre África –Cabo Verde – Brasil, remetendo-se para a época dos descobrimentos.

Ao representar esta empreitada, Flores do Mindelo também abordou, através dos seus trajes e dos três carros alegóricos, a beleza da Amazónia rica em contrastes, cores vibrantes, flores, borboletas, animais selvagens em que personificaram a ave nativa dessa região a Arara-canindé transformando-a em   Rei Arara. 

O grupo decidiu contar essa história desfilando com uma comissão de frente, nove alas, três carros alegóricos, mas teve um problema na transmissão do som para as colunas por causa de falhas no seu gerador. Segundo o membro da direcção Nelson Soares a agremiação não conseguiu materializar a 100 por cento (%)o enredo por causa de dificuldades várias. 

“Colocar um Carnaval nas ruas não está fácil porque cada vez os materiais estão caros, os patrocínios a cada dia estão escassos porque há empresas em Cabo Verde que quer patrocinar somente os grupos considerados grandes”, explicou Nelson Soares, para quem o apoio e o financiamento do Ministério da Cultura e das Câmara Municipal de São Vicente “chegaram de forma tardia”. 

O terceiro grupo a desfilar, Estrela do Mar, liderado por Júlio do Rosário, entrou pouco depois das 21:00 e apresentou o enredo “I Love Terra”, pedindo fim ao aquecimento global e a preservação do mundo, principalmente Cabo Verde, país insular, pobre e vulnerável face às mudanças climáticas. 

Nessa altura, Rua de Lisboa chuviscava, o que levou os espectadores mais entusiastas a dizerem que eram as lágrimas da mãe terra a serem derramadas e a dar razão ao apelo do Estrela do Mar. 

À comissão de frente que esteve bastante energética seguiu-se as alas que representaram os grandes flagelos da actualidade de uma forma energética, tais como os poluentes, a poluição marinha, as queimadas e o desmatamento, o lixo a céu aberto, os gases de efeito estufa, a pecuária insustentável e a betonização sem planificação do planeta. 

O grupo também levou cartazes com dísticos a pedir a preservação do planeta, lembrando que “não há um segundo planeta” para os homens viverem e apresentou alas coloridas, em que estacaram o verde, o vermelho, o azul, o roxo, o branco e o rosa.

Segundo o presidente do Estrela do Mar, Júlio do Rosário, a ideia era apresentar três carros alegóricos, mas tiveram problemas em retirar um deles do estaleiro que se danificou por causa do manuseio na saída. Além disso, enfrentaram problemas no acabamento dos trajes dos foliões e com o pessoal do estaleiro.

“A nossa sensação é de objectivo cumprido, mas foi difícil. Tivemos três semanas de estaleiro, chantagens da costureira. A bateria apresentou-se sem equipamento próprio, mas o Estrela do Mar pagou a costureira dois meses antes, mas ela decidiu colocar o grupo Vindos do Oriente à nossa frente”, explicou, referindo, porém, que conseguiram apresentar o enredo porque cada ala representa uma preocupação ambiental. 

Uma hora depois entrou o grupo Cruzeiros do Norte proto a brigar pelo título, porque consideraram que “no ano passado o ceptro de campeão escorreu-lhes pelos dedos e foi parar às mãos de Monte Sossego”.

Cruzeiros levou para as ruas “Farol do Atlântico, Brilhante de Mil Luzes”, exaltando o lado positivo da Nação cabo-verdiana que se formou furto de várias influências de outros povos. 

A agremiação de Cruz João Évora convocou uma verdadeira manifestação de cor, ritmo e folia apresentada em quatro actos. O primeiro representou a formação do “Farol do atlântico” e a chegada dos navegadores, e formação das ilhas de Cabo Verde.

O segundo acto retratou a importação das “mil luzes” da mãe África, vindo em navios tumbeiros, trazendo um caldeirão cultural, mas também sementes para a plantação, técnicas de cultivo, de pesca e criação de gado, ajudando na formação do homem do campo, do homem cabo-verdiano, que passa a cultivar o seu próprio sustento e a praticar o comércio interno. 

O terceiro acto retratou a importação das “mil luzes” do continente europeu, contribuindo também para a consolidação, como uma nação, e o quarto acto versava sobre a exportação das “mil luzes”, um produto da miscigenação das culturas africanas e europeias.

O grupo apresentou um tripé que representava a erupção vulcânica, que formou as ilhas e ilhéus de Cabo Verde, ao mesmo tempo, também representa o barco à vela em que os navegadores/descobridores e ainda quatro carros alegóricos, sendo uma surpresa, todos bem concebidos, com a estética visual impactante e um acabamento aprimorado.

Segundo o presidente do grupo, conseguiram o objectivo de “colocar o enredo a brilhar em São Vicente debaixo de muitas dificuldades “. E este ano vão brigar pelo título como desforra do ano passado em que se sentiram injustiçados”.

Por fim, entrou Monte Sossego, disposto a brigar pelo tetracampeonato, feito inédito no Carnaval mindelense.  A entrada do grupo, que desfilou “Terra de índio em Festa”, foi triunfal com a comissão de frente incendiando o público logo de partida, com uma alegoria que simbolizava um pé sujo de terra vermelha e com bailarinos denominados poeira sagrada que dá razão ao nome Terra de Índio. 

Com um samba-enredo potente e emocionante e um desfile alegre,  bastante compacto e com muito brilho, o grupo seguiu com as alas que retratavam o início do bairro com  guardiões da   memória, as baianas representando as índias pagés da zona e anciãs, depois a ala terra vermelha, o desenvolvimento do bairro em que apresentaram as Tropas de Bitim , apelidados de indígenas do futebol,  a rainha bateria  simbolizando a beleza índia de Monte Sossego e, ainda,  o terceiro sector com mirins dum padiola, nativas dum serenata e a velha guarda.

A agremiação, que tem 40 anos e que já protagonizou 23 desfiles no Carnaval de São Vicente, conquistando 13 títulos, levou três carros alegóricos que se destacaram pela beleza, majestosidade e opulência, sendo que um representava Coração e Canela vermelha plantados no chão de Monte Sossego, o segundo Monte Sagrado e o terceiro o Panteão de Monte Sossego. 

Com os desfiles concluídos, na quarta-feira, a partir das 16:00, acontece a cerimónia de apuramento dos prémios do Carnaval de São Vicente, meia hora depois da entrega dos prémios Kakói para o Carnaval espontâneo. 

A Semana com Inforpress

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