A oficialização da língua crioula em Cabo Verde vai ser um dos temas em debate, no sábado, na cidade da Praia, num fórum que assinala o Dia Internacional da Língua Materna, reunindo especialistas internacionais para partilhar experiências.
"Todos os anos tentamos assinalar o Dia Internacional da Língua Materna [21 de fevereiro] da melhor forma possível. Em 2025, celebram-se também os 50 anos da independência e queremos, mais uma vez colocar, o tema na agenda", afirmou a vice-presidente da Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (Alma-Cv), Karina Moreira.
O objetivo do fórum é refletir sobre o estado atual da língua materna, a sua valorização e dar os passos necessários para a oficialização.
O evento contará com especialistas de Curaçau, Guiné-Bissau e Seychelles, além de Cabo Verde, que partilharão experiências sobre a valorização e o ensino das línguas crioulas.
"No ano passado realizámos um fórum com especialistas cabo-verdianos. Este ano, queremos enriquecer o debate com contributos internacionais", acrescentou Karina Moreira.
O encontro vai abordar o ensino, instrumentalização da língua e desenvolvimento humano, incluindo a apresentação de propostas concretas para a normalização e estruturação do crioulo cabo-verdiano.
"Queremos que seja um debate prático", disse, salientando que a abertura será presidida pelo Presidente da República, José Maria Neves, que em novembro voltou a defender a oficialização do crioulo, em paridade com o português, como parte das celebrações dos 50 anos da independência.
O crioulo cabo-verdiano é a língua materna em Cabo Verde, embora com variantes nas diferentes ilhas e nos últimos anos intensificou-se o movimento da sociedade civil a pressionar a sua elevação a língua oficial.
O artigo 9.º da Constituição da República de Cabo Verde, de 1992, define apenas o português como língua oficial, mas também prevê que o Estado deva promover "as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa".
Um grupo de quase 200 personalidades cabo-verdianas lançou em 2022 uma petição nesse sentido e pediu apoio do chefe de Estado para a promoção da língua.
No mesmo ano, vários ativistas criaram a Associação da Língua Materna Cabo-verdiana para impulsionar uma "voz cada vez mais ativa" e uma "mudança" de política linguística no país.
A Semana com Lusa
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