Uma professora universitária brasileira liderou, em Cabo Verde, um projeto sustentável de curtume de couro de peixe que capacitou 16 mulheres a criarem rendimento com a pele do peixe e que poderá beneficiar mais mulheres de países africanos lusófonos.
O couro de peixe pode ser utilizado na produção de acessórios de moda, como bolsas, carteiras, cintos, colares, brincos e pulseiras, além de calçado, biojóias e artigos de decoração, incluindo almofadas e estofos.
Kátia Kalko Schwarz, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), explicou à Lusa que o projeto foi criado na universidade em 2008 e que atravessou o atlântico, de 23 de janeiro a 03 de fevereiro último, para, no Instituto do Emprego e Formação Profissional na Praia, capital de Cabo Verde, capacitar mulheres na transformação de pele de peixe em couro.
Com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura em Cabo Verde foi lançado o projeto "Desperdício de Peixe para Moda", com as mulheres cabo-verdianas a receberem uma formação de três meses.
“É pioneira no continente africano, por ser o primeiro país a ter um curtume de couros de peixe”, explicou a professora universitária.
O couro de peixe pode ser utilizado na produção de acessórios de moda, como bolsas, carteiras, cintos, colares, brincos e pulseiras, além de calçado, biojóias e artigos de decoração, incluindo almofadas e estofos.
“Tudo o que dá para fazer com couro de bovino dá para se fazer com couro de peixe”, com a vantagem de combater o desperdício e de dotar as mulheres cabo-verdianas a conseguirem garantir um rendimento extrema para as suas comunidades, disse.
No Brasil, o processo era feito através da utilização de couro de peixe de água doce, nomeadamente a tilápia.
“Fui adaptando para um processo mais natural, que não agredisse o meio ambiente e que pudesse usar as peles de peixes marinhos”, detalhou Kátia Kalko Schwarz, acrescentando que, na curtição da pele, são usados taninos vegetais em vez de metais pesados.
Em Cabo Verde, foi criada uma cooperativa para que as cabo-verdianas possam agora “vender esses couros que são exclusivos de peixes marinhos africanos e são lindíssimos”, afirmou.
“Os peixes marinhos, os couros de peixes marinhos de Cabo Verde não competem com os nossos brasileiros porque eles são de um desenho exclusivo, é maravilhoso”, sublinhou a professora curitibana.
Agora, disse Kátia Kalko Schwarz, o objetivo passa por expandir o projeto, com o apoio de organizações internacionais e brasileiras, para outros Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A Semana com Lusa
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