A celebração dos 50 anos de independência vai centrar boa parte das atenções e agendas de 2025 em Cabo Verde e algumas ações até já foram lançadas.
O parlamento aprovou, em outubro, na generalidade, a proposta que cria a Comissão Nacional Organizadora das comemorações.
A ministra de Estado, da Defesa Nacional e da Coesão Territorial, Janine Lélis, defendeu, na altura, a participação de todas as comunidades, nas ilhas e na diáspora.
O Presidente cabo-verdiano também já anunciou que quer promover o debate público da agenda de desenvolvimento para os próximos 50 anos, mobilizando toda as forças no arquipélago e no exterior.
O programa ainda está por definir, mas o próximo Dia da Independência, a 05 de julho, será certamente diferente para condizer com a efeméride.
O ano que está prestes a começar traz também um novo panorama político no arquipélago, com o início de funções dos novos órgãos autárquicos, eleitos a 01 de dezembro, protagonizando uma reviravolta no xadrez partidário.
O Movimento pela Democracia (MpD, no Governo) perdeu a maioria para o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição parlamentar), que, pela primeira vez, domina o mapa dos 22 municípios.
O PAICV subiu de oito para 15 municípios, enquanto o MpD desceu de 14 para metade.
O partido que governa Cabo Verde reconheceu que a derrota autárquica foi expressiva e diversos militantes já pedem uma mudança, a tempo de enfrentar o próximo ciclo eleitoral, as legislativas e presidenciais de 2026.
O PAICV diz que a votação mostra descontentamento com o Governo, reforçando os seus argumentos para um regresso ao poder.
Apesar das divergências, numa coisa todos os atores políticos têm estado de acordo: as últimas eleições são prova de que a democracia funciona e é respeitada em Cabo Verde.
A propósito das promessas de campanha, eleitores e analistas ouvidos pela Lusa apontaram o desemprego e o custo de vida entre as principais preocupações do país.
Em 2025, uma das dúvidas é saber até onde vai a força do turismo, motor da economia do arquipélago, para ajudar a responder àquelas preocupações da população.
Para já, o ano de 2024 termina com melhorias nas previsões de crescimento económico: o banco central prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) suba 6,1% este ano e 5,6% em 2025, acima das médias internacionais.
Ao mesmo tempo, o Governo tem em curso mais uma reorganização das ligações aéreas internas, para tentar acabar com as falhas que motivam queixas de passageiros e agentes económicos.
No sistema bancário, aguarda-se pelo desfecho da venda do Banco Comercial do Atlântico (BCA, um dos maiores do arquipélago), do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), à Coris Holdings, do Burkina Faso.
A alienação (por 70,5 milhões de euros) aguarda parecer do Banco de Cabo Verde (BCV) e faz parte do plano de reorganização da atividade internacional da CGD, que vai continuar presente no país através do Banco Interatlântico.
Ao nível da saúde, Cabo Verde espera debelar a epidemia de dengue e acabar com focos de propagação de mosquitos antes da próxima época de chuvas (julho a outubro) para a doença não reaparecer.
A epidemia que eclodiu no final de 2023 parece ter entrado em fase descendente, depois de somar, até ao início de dezembro, mais de 17.000 casos e oito mortes.
As perspetivas são favoráveis para o arquipélago, tal como indicam os parceiros internacionais, mas há riscos relacionados com o desempenho das empresas públicas, as incertezas globais e as alterações climáticas.
O Grupo de Apoio Orçamental (GAO) reiterou, em novembro, a necessidade de “acelerar a diversificação da economia para aumentar a resiliência a choques externos”.
A Semana com Lusa
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