O chefe das Forças Especiais da Coreia do Sul disse esta sexta-feira ter rejeitado ordens do Ministério da Defesa para retirar à força os deputados que recusaram deixar o parlamento durante a lei marcial de terça-feira.
“Decidi ignorar essa ordem, apesar de saber que se tratava de uma insubordinação, porque, na minha opinião, retirar os deputados da assembleia era claramente um ato ilegal”, declarou o chefe do comando militar especial.
O tenente explicou também que decidiu não dar munições reais aos soldados da unidade enviada para o parlamento, pois observou “alguns incidentes injustificados” durante o destacamento.
Kwak contou ainda que as primeiras instruções que recebeu do antigo ministro da Defesa após a declaração da lei marcial foram “tomar o controlo da Assembleia Nacional e do pessoal” e “tomar as instalações da Comissão Central de Eleições e estabelecer um perímetro de segurança”.
O comando militar nomeado no âmbito da lei marcial decretada pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, ordenou o envio de cerca de 300 soldados das Forças Especiais para o parlamento com esse objetivo.
O mesmo comando, coordenado por Kim, cuja demissão foi anunciada na quinta-feira, proibiu todas as atividades dos partidos políticos, bem como os protestos e manifestações dos cidadãos, na sequência da declaração do estado de emergência por Yoon, na terça-feira à noite (hora local).
Apesar desta proibição e do destacamento de militares e polícias para bloquear o acesso à Assembleia, 191 deputados conseguiram aceder ao edifício pouco depois da declaração da lei marcial para realizar uma sessão extraordinária e votar a revogação da medida, obrigando Yoon a levantá-la, cerca de seis horas depois de a ter decretado.
Durante as primeiras horas em que a lei marcial esteve em vigor, registaram-se cenas de enorme tensão à volta da Assembleia e nos corredores, onde soldados armados se desentenderam com políticos, funcionários e jornalistas que desafiaram as ordens de evacuação do edifício e até os censuraram por estarem a agir de acordo com o decreto de Yoon.
As observações de Kwak foram repetidas por Lee Sang-hyun, comandante da 1.ª Brigada das Forças Especiais Aerotransportadas, que foi enviada para a Assembleia Nacional na terça-feira, numa entrevista à televisão JTBC.
Lee disse que, quando foi enviado para o parlamento, pensou inicialmente que se tratava de “uma operação antiterrorista” e, quando percebeu que “o alvo eram os civis”, recusou a distribuir munições reais aos soldados, dando ordens para carregar as espingardas às costas e “evitar qualquer conflito com civis”.
A Semana com Lusa
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