O último dia da greve geral dos professores atingiu hoje,23, na Praia, o seu ponto alto com uma mega concentração de mais de um milhar de docentes de Santiago à entrada da Assembleia Nacional, onde prossegue o debate na especialidade do Orçamento Geral do Estado para 2024. Mesmo perante um forte aparato policial devidamente armado que barrou a entrada principal do parlamento, os grevistas permaneceram no local até depois das 13 horas, em sinal de protestos às políticas do atual governo para o sector de ensino público em Cabo Verde. O presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep) Jorge Cardoso, assevera, em declaração ao A Semana, que permaneceram naquele local até que os governantes e deputados começaram a sair do debate para verem a «tamanha insatisfação da classe docente» em relação ao governo de Ulisses Correia e Silva suportado pelo MpD. Por isso, os grevistas em várias ilhas pediram a cabeça do ministro da Educação, Amadeu Cruz.
A greve dos professores ocorre desde ontem (22) em todo o país, onde participaram mais de 90% dos docentes. Nesta quinta-feira,23, segundo e último dia da greve, mais de um milhar de professores de Santiago, incluindo os que vieram dos seis concelhos do interior da ilha maior, concentraram-se frente à Assembleia Nacional. Tudo com a intenção de os governantes observarem a união e determinação de todos na luta em prol dos seus direitos.
“Essa concentração significa a união de toda a ilha de Santiago, demonstrando, como nas outras ilhas, a forte determinação da luta de classe nesta greve geral, que decorreu a nível nacional ”, explica o presidente do Sindep.
Sem a cobertura da TCV, muitos dos grevistas estiveram hoje nessa manifestação com cartazes e trajados de preto, isto como forma de protesto pelo descaso do Governo.
Conforme a equipa de reportagem do Asemanaonline apurou no local, houve um forte aparato policial devidamente armado para, por um lado, garantir a segurança dos grevistas e, por outro lado, barrar passagem dos mesmos à área de segurança frente ao Parlamento.
Segundo Jorge Cardoso, o distanciamento que a Polícia estabeleceu foi de forma exagerada. “Podemos ver a distância exagerada estabelecida entre a Assembleia Nacional e o sítio à entrada principal do palácio, onde foi feito o cerco. É claro que não entrámos em confrontação, porque somos educadores e uma classe intelectual não quer confrontos. A solução foi obedecer a esta ordem das autoridades. Mas de qualquer maneira vamos continuar a dar o Governo a resposta merecida ”, frisa.
O sindicalista espera que o executivo de Ulisses Correia e Silva esteja aberto a negociação, que não foi o caso, e analise que o Ministro da Educação, em vez de defender a classe e toda comunidade educativa, prefere falar em construções de hospitais e aeroportos, que não tem nada a ver com a dignidade da classe docente.
O sindicalista avança que, depois desta greve e manifestação, o SINDEP irá reunir-se com os professores e fazer o balanço desta jornada, para anunciar, em breve, a próxima luta sindical. Segundo ele, amanhã, sexta-feira, as aulas irão decorrer na normalidade em todos os estabelecimentos de ensino.
O ambiente da manifestação de hoje foi tranquilo e pacífico, com um número considerado de participantes de várias partes da ilha de santiago - estima-se em mais de um milhar de grevistas presentes.
Grevistas descontentes e determinados em lutar
A equipa da reportagem do A Semana fez uma ronda pela manifestação junto do parlamento na Praia e conversou com alguns professores que se exprimiram descontentes com a atual situação da classe.
A docente Erizita Baessa salienta que o objetivo da concentração próximo ao Parlamento é para que os governantes e deputados vejam o descontentamento dos colegas em relação ao que todos têm passado e resolvam as suas reivindicações pendentes.
“Estamos a lutar sobretudo para a nossa equiparação salarial. Segundo diz a lei, devemos ser equiparados igualmente aos outros do quadro especial da administração pública. Lutamos também para que outras pendências sejam resolvidas pelo governo” , destaca a mesma fonte.
Determinada em lutar, Baessa vai avisando: «Se os problemas não forem resolvidos, estamos dispostos a recorrer a outras formas de luta, nomeadamente o congelamento de notas (desde o 1º trimestre até ao 3º trimestre) e a paralisação de aulas».
Já para o professor Valter Silva, o Ministro da Educação ignora as exigências da classe, pelas quais os docentes vêm lutando há muito tempo, principalmente no que toca à nova grelha salarial.
“A equiparação salarial que estamos a pedir, não é 36% de aumento salarial, do qual estão a mostrar por aí para enganar a população. Trata-se de 36% que equivale a equiparação salarial com os outros quadros públicos do Estado”, esclarece.
Grevistas pedem demissão do ministro e retomam aulas
Entretanto, a greve dos professores que decorre desde ontem,22, em todo território nacional, terminou esta quinta-feira com uma forte adesão da classe docente (ver outra peça neste jornal).
Conforme afiança o presidente do Sindep, as aulas retomam nesta sexta-feira de forma normal. Mas o sindicalista fez questão de realçar que a luta continua e ameaça marcar uma nova greve geral, caso o atual governo não chegue a um consenso com os sindicatos para resolver as reivindicações dos professores.
Como na Praia, milhares de docentes estiveram nesta sexta feira em greve e manifestação de protestos nas várias ilhas.
Conforme informações recolhidas por este jornal junto de dirigentes sindicais, nessas fornadas de luta, em que participaram de mais de 90% dos docentes do país, os grevistas pediram a cabeça do ministro da Educação, Amadeu Cruz.
Silvana Gonçalves/Redação
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