Em conferência de imprensa na localidade de Santa Cruz, próxima de São Filipe, que há anos aguarda a chegada de energia, os deputados Eva Ortet e Luís Pires manifestaram "forte indignação" pela falta de investimentos tanto na electrificação como na iluminação pública.
Santa Cruz, situada nas imediações de Santo António e a poucos quilómetros a norte da cidade de São Filipe, alberga mais de 20 famílias e continua sem acesso à energia eléctrica, apesar dos “inúmeros pedidos feitos à Electra e ao Governo”.
“Estamos cansados de pedir a electrificação desta e de outras comunidades da ilha. A Electra tem o dever e a obrigação de investir na ilha”, afirmaram os deputados, numa conferência de imprensa no quadro de uma visita de preparação para o debate sobre o Estado da Nação.
Segundo os deputados, desde 2015, quando foi instalada a rede de média tensão no quadro do Projecto Seis Ilhas, os moradores vivem na "esperança frustrada" de terem electricidade em casa. Muitas famílias chegaram a investir na instalação eléctrica interna e na elaboração de croquis, na expectativa de que o serviço fosse disponibilizado em breve.
“Em 2015, quando a rede passou por esta localidade, os moradores acreditavam que teriam electricidade a curto prazo. No entanto, até hoje, nenhuma lâmpada foi instalada ", sublinham os parlamentares.
Segundo os deputados, a Electra “parece desconhecer a existência da zona”, apesar de se tratar de uma comunidade com casas próximas umas das outras e situada numa área bem delimitada, o que torna “ainda mais incompreensível a falta de acção”.
Os moradores, por sua vez, dizem-se “cansados de tanto esperar”, mas mantém a esperança de que a energia eléctrica um dia chegará.
Alguns investiram em painéis solares, mas referem não ter recursos suficientes para adquirir baterias que permitam o fornecimento de energia durante a noite, destacando os “inúmeros inconvenientes” por não estarem ligados à rede pública.
Além da electrificação, a situação da estrada que atravessa Santa Cruz, ligando Santo António à Cadeia Civil e à zona portuária onde está instalada a central única da ilha, também preocupa os deputados, dado o seu avançado estado de degradação.
Embora a via seja da responsabilidade municipal, os deputados defendem que a sua manutenção deve ser assumida de forma partilhada.
“A câmara já fez muito, mas esta estrada serve duas instituições importantes, a cadeia civil e a empresa de eletricidade, Electra, precisa de uma intervenção conjunta”, destacaram.
Os deputados exigem também investimento no troço Patim/Salto/Cova Figueira e na estrada de Sumbango, nos Mosteiros, apontado como “particularmente perigoso” durante a época das chuvas, lembrando que muitas pessoas evitam atravessar a via devido ao risco à segurança.
Os deputados apelaram ao Governo para que trate a ilha do Fogo com mais atenção e justiça.
“É preciso olhar para o Fogo com bons olhos, especialmente quando falamos de transportes, porque isso afecta todos os sectores: turismo, agricultura, saúde”, concluíram os parlamentares.
A Semana com Inforpress
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