O assessor especial da Presidência brasileira para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou na quarta-feira que também não confia nas atas eleitorais divulgadas pela oposição venezuelana.
“Eu também não tenho confiança nas atas da oposição”, disse, em entrevista à Globo News, Celso Amorim que esteve na Venezuela em nome do Presidente brasileiro, Lula da Silva, para acompanhar as eleições venezuelanas, tendo-se encontrado, após o resultado eleitoral, tanto com o chefe e Estado da Venezuela, Nicolás Maduro, como com os líderes da oposição.
Ainda assim, o diplomata brasileiro frisou ser “lamentável que as atas não tenham aparecido”.
“Eu não estou dizendo agora, disse isso para o Presidente, [Nicolás] Maduro. Estive com ele no dia seguinte à eleição”, recordou, na mesma entrevista.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais a 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
O principal candidato opositor às presidenciais de 28 de julho, Edmundo González Urrutia, disse que as testemunhas das organizações políticas participantes colocaram à disposição da sua candidatura cópias das atas que comprovam a sua vitória nas presidenciais e pede que seja efetuada uma verificação fiável perante testemunhas das organizações políticas e dos candidatos, observadores nacionais e internacionais.
Quanto ao papel de mediação que Brasil, Colômbia e México (três países com governos de esquerda na região) que conseguem falar politicamente com Maduro, Celso Amorim sublinhou a importância dos “três Presidentes conversarem entre si” para procurarem um solução.
“Sabem como encaminhar uma conversa que pode ser com o Maduro, mas pode também ser com o candidato da oposição em algum momento”, disse.
Os três países divulgaram uma declaração conjunta em que pedem a divulgação dos registos eleitorais e defendem uma solução através de "canais institucionais" que respeite a soberania dos venezuelanos.
Na terça-feira, o Governo dos EUA expressou o seu apoio explícito à mediação liderada por Colômbia, Brasil e México para procurar superar a crise política venezuelana subsequente às eleições presidenciais, de 28 de junho.
O encarregado do Departamento de Estado para a América Latina, Mark Wells, disse, durante uma videoconferência com jornalistas, que os EUA estão "a favor do diálogo" da mencionada iniciativa diplomática e garantiu que estão a manter uma coordenação "muito estreita" com estes três governos.
Autoridades do Brasil, Colômbia e México estão em constante contacto com representantes do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e do candidato da oposição Edmundo González para encontrarem uma solução para a crise política do país após as eleições presidenciais.
As três nações, cujos presidentes são aliados de Maduro, têm conversado com ambos os lados, disse à agência de notícias Associated Press um alto funcionário mexicano que participou nas discussões e que se recusou a caracterizar este diálogo como uma mediação formal.
Representantes dos três países têm recomendado que o Governo e a oposição respeitem as leis venezuelanas e compareçam perante as instituições apropriadas para recorrer de qualquer parte do processo, disse o funcionário.
Essa recomendação, no entanto, é um pedido difícil para a oposição, porque o partido que governa a Venezuela controla todos os aspetos do Governo, inclusive o sistema judiciário, utilizando-o para derrotar e reprimir oponentes reais ou suspeitos.
Ao contrário de muitos outros Estados que reconheceram Maduro ou González como vencedor, os governos do Brasil, Colômbia e México adotaram uma posição mais neutra, não rejeitando nem aplaudindo quando as autoridades eleitorais da Venezuela declararam Maduro vencedor nas urnas.
A Semana com Lusa
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