Os alunos da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), na Praia, continuam a reclamar da demora dos autocarros e pedem uma melhor gestão da linha 15 que faz o percurso Platô - Campus universitário do Palmarejo Grande.

Os estudantes, que iniciam as aulas às 07:30, consideram que a situação tem sido complicada e difícil e exigem uma solução com o objectivo de oferecer mais dignidade no acesso aos transportes públicos.

De acordo com as informações recolhidas no 'site' da empresa de transportes públicos de passageiros, a Sol Atlântico, a duração da viagem na linha 15 – Platô – frente à Caixa Económica até ao Campus Universitário é de aproximadamente 15 minutos.

Em conversa com a Inforpress, Fidélia Baptista, do primeiro ano do curso de Comunicação, disse que essa informação não passa de uma miragem e que, apesar de acordar cedo, tem sido difícil conseguir chegar à universidade às 07:30, porque os autocarros começam a atrasar logo cedo.  

“Tem sido muito complicado porque o autocarro atrasa, e muito. Temos que acordar muito cedo, isto depois de passarmos longas horas a estudar à noite, e quando chegamos na paragem há uma demora absurda porque logo cedo já começam a atrasar”, disse a estudante que mora em Ponta d’Água e tem de apanhar dois autocarros para chegar à escola, saindo de casa às 06:45 para regressar por volta das 15:00.

O calvário, acrescenta a mesma fonte, é maior no regresso depois das 13:00, momento em que, segundo diz, a espera costuma ultrapassar uma hora.

“Quando o autocarro atrasa, há acumulação de alunos que saem às 12:30, às 13:00 e às 13:30” e quando o autocarro chega todo mundo quer ir, porque ninguém quer ficar, e acontece a superlotação. Ficamos como se fossemos sardinhas na lata e o autocarro ainda fica a andar num ritmo mais lento”, desabafou.

Os alunos contam que, por vezes, até chegam dois autocarros juntos, mas ainda assim são insuficientes para transportar tantos alunos que já se encontram à espera, os funcionários e outras pessoas que residem nas imediações da universidade.

Vânia Fonseca, do segundo ano, considerou que tem sido frustrante lidar com essa situação que se tem revelado igualmente perigosa.

“No momento da saída, a situação é desoladora. Multidão de alunos com fome, sentados no chão, desanimados à espera de autocarro e, quando chegam, há muita correria e empurrões porque ninguém quer ficar para esperar um próximo autocarro, que não tem hora certa para chegar”, lamentou.

Kivia Rodrigues, igualmente aluna do segundo ano, afirma que além dos atrasos há ainda que lidar com a grosseira dos funcionários, quando são abordados sobre os atrasos.

“Isto acontece porque não há concorrência e sabem que nós não conseguimos pagar todos os dias por um táxi para virmos para escola, ou mesmo pagar os ‘hiaces’ porque nós carregamos passe e por sermos estudantes é claro que não temos dinheiro nas nossas carteiras”, disse salientando que a situação tem sido complicada.

Wilson Pires afirma que a linha é muito rentável, porque há muitos alunos e acredita que a dificuldade está na organização. Por isso, sugere que, por exemplo, no momento de grande afluência de alunos, nomeadamente logo cedo e depois das 12:30, altura em os alunos começam a terminar as aulas, a empresa coloque mais autocarros disponíveis na linha 15.

“É hora de tomar as medidas e resolver essa situação e garantir um transporte público adequado para os alunos universitários”, realçou.

A linha 15 foi criada precisamente para dar resposta à demanda dos alunos da Uni-CV, instituição que conta com mais de três mil alunos. De acordo com o programa os autocarros começam a operar às 06:30 e fecham às 20:30.

A Semana com Inforpress

26 de março 2024