Artistas e promotores de eventos contactados pela Inforpress elogiaram hoje o gesto de várias câmaras municipais do país em suspender festivais de música que tinham agendado para esta época, em solidariedade ao povo de São Vicente.

Para o produtor musical e director artístico da label InSulada, Paulo Lobo Linhares, esta iniciativa é de louvar, visto que a ilha de São Vicente foi fortemente afectada pelas chuvas torrenciais, que provocaram perdas de vidas humanas, destruição de habitações e estradas, entre outros estragos, e que tomar esta decisão é “um gesto de solidariedade”.

“Os artistas perderam os espetáculos, com impactos financeiros para eles e não só, mas a decisão das autarquias não poderia ser de outra forma. A música faz parte da vida e os dois caminham juntos,” referiu, acrescentando que os promotores não veem esta decisão como um prejuízo, mas sim como algo que foi inevitável.

“É um momento muito pesado, não só para a música cabo-verdiana, mas também para Cabo Verde, sobretudo ao sanvicentinos”, sublinhou o promotor musical.

Segundo Paulo Lobo Linhares, agora é o momento para os promotores de eventos repensarem a contenção no formato de se fazer o festival no país, principalmente a nível dos gastos.

“Os festivais são essenciais para o país, porque dinamizam a economia local em vários sectores, mas alguns casos poderiam ter uma curadoria mais forte e com menos gastos financeiros”, alertou.

Por outro lado, defendeu que é importante que as câmaras municipais enviem os recursos que tinham salvaguardados para os festivais directamente às instituições na ilha de São Vicente que estão a trabalhar no apoio às vítimas, inclusive o dinheiro disponibilizado pelos patrocinadores.

Por sua vez, o promotor musical João Miranda referiu que é uma iniciativa “bem vista” pelos promotores, em solidariedade às pessoas e à ilha de São Vicente.

“Todos os promotores e a comunidade artística estão solidários com este povo, tanto é que muitos estão disponíveis para angariar fundos para ajudar São Vicente”, afirmou.

Apesar dos prejuízos e impactos financeiros que a suspensão deste evento traz, especialmente para a classe cultural, chefes de famílias, hotéis, agências de viagens e comerciantes, entre outros sectores, esta decisão mostra que “somos um só por amor aos anvicentinos”.

Por seu lado, o promotor musical e director do Atlant Music Expo (AME), Benito Lopes, disse que os promotores de eventos e as câmaras municipais estão de parabéns porque foi “uma decisão acertada” como gesto de solidariedade em prol desta ilha, que necessita de todo o apoio possível.

“A festa não termina, não é por causa deste cancelamento que irá tirar o pão de cada dia dos artistas e dos promotores”, assinalou, sublinhado, que a maioria dos artistas que trabalham com ele estão de acordo com esta decisão.

A Inforpress ouviu também a opinião do artista Batchart, que disse sentir-se “muito grato e orgulhoso” de ver a sensibilidade do povo cabo-verdiano em juntar esforços para ajudar a ilha, independentemente de ser natural da ilha de São Vicente.

Para este músico, os artistas não vivem sem o público e neste momento têm de estar com a população que precisa.

"Nenhum dos artistas ficou descontente com esta iniciativa. No meu caso, iria participar numa residência artística na ilha Boa Vista, mas sinto grato pela edilidade local ter tomado a decisão de cancelar eventos culturais em solidariedade ao povo da minha ilha", afirmou.

“Do que vale fazer um espetáculo e, por outro lado, um povo está a sofrer por coisas básicas, todos os artistas estão a mostrar sensibilidade e serem solidários”, realçou.

Todos são unânimes em apoiar esta “boa decisão” e aproveitaram para deixarem uma mensagem de “muita força e resiliência” para com o povo de monte Cara.

A Semana com Inforpress