O artista Dino D`Santiago congratula-se com o orgulho em ser africano e, apesar de lamentar que Portugal tenha sido o último império a libertar as suas colónias, acredita na vontade dos mais jovens de reedificar estes países.
“Ainda hoje se sente esse flagelo. Agora continuamos com conflitos em Moçambique, Angola continua como está, com a desigualdade a gritar e a pobreza, a Guiné continua em conflitos, São Tomé continua o eterno esquecido, Cabo Verde é o país mais democrático e que vai vivendo entre o sol e a chuva que nunca chega”, disse.
“Há uma real vontade de abraçar as raízes, há uma real vontade de conectar o mundo novo com a ancestralidade. Eu vejo com prosperidade, apesar do mundo estar a gritar cada vez mais e a sangrar cada vez mais, eu sinto que vejo com muita prosperidade o continente africano”, disse à agência Lusa, a propósito dos 50 anos das independências das ex-colónias portuguesas em África.
O cantor, filho de pais cabo-verdianos, prefere pensar “nos próximos 50 anos”. “Aí é que eu penso com celebração, porque há cada vez mais jovens, então há muita prosperidade, há muita vontade de reedificar os países, há um orgulho de ser africano que nunca houve”.
Sobre as independências, lamenta que os países tenham ficado entregues ao acaso, com sequelas que ainda hoje se sentem.
“Ainda hoje se sente esse flagelo. Agora continuamos com conflitos em Moçambique, Angola continua como está, com a desigualdade a gritar e a pobreza, a Guiné continua em conflitos, São Tomé continua o eterno esquecido, Cabo Verde é o país mais democrático e que vai vivendo entre o sol e a chuva que nunca chega”, disse.
E defende exemplos como o Burkina Faso, “cada vez mais a soltar-se do imperialismo francês. Essas desconexões económicas unilaterais são muito importantes para o que eu vejo como prosperidade para o continente africano”.
“É preciso haver uma enraização para matar quatro séculos, quatrocentos anos de muita desumanização”, defendeu.
E deseja prosperidade para o continente africano e que este não seja “um lugar onde toda a gente decide visitar, explorar, antes de partir para outros lugares”.
“Eu confio muito na regeneração, ou seja, a nossa presença ser regenerativa, de deixar a África melhor do que a que encontramos”.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Report
My comments